O Tribunal de Dar el-Beida, perto de Argel, perante o qual Mohamed Amine Belghit compareceu, proferirá o veredicto a 03 de julho, informou Toufik Hichour, um dos advogados do historiador, no Facebook.
O procurador da República também exigiu uma multa de 700.000 dinares (cerca de 4.600 euros), de acordo com os meios de comunicação locais.
As constantes de uma nação referem-se aos elementos fundamentais que a compõem e a tornam única, como a língua, a cultura, a história e a identidade coletiva, segundo a sua própria definição.
A este propósito, Belghit declarou num canal de televisão dos Emirados Árabes Unidos que a identidade 'amaziga' era uma "criação franco-sionista".
Belghit foi colocado em prisão preventiva a 03 de maio por "crime de atentado à unidade nacional através de um ato que visa a unidade nacional com o objetivo de prejudicar os símbolos da nação e da república, delito de atentado à integridade da unidade nacional e delito de difusão de discurso de ódio e discriminação", segundo a acusação.
Este professor universitário, que se apresenta como especialista no Magrebe (Mauritânia, Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia), suscita regularmente polémicas pelas declarações hostis à identidade 'amaziga' e pelas posições revisionistas sobre a identidade argelina.
Belghit foi preso após a divulgação nas redes sociais, publicação que se tornou viral, de uma entrevista concedida ao canal Sky News Arabia, em que afirmou que "a língua 'amaziga' é um projeto ideológico de criação franco-sionista".
O também conhecido como 'tamazight' refere-se às línguas berberes, um grupo de idiomas falados pelo povo berbere do Norte de África e foi reconhecido como língua oficial em 2016 na Argélia e, em 2017, o 'Yennayer', o Ano Novo Bberbere, foi adicionado à lista de feriados nacionais.
"Não existe uma cultura 'amazigh'. Não existe uma coisa chamada 'amazighidade'", afirmou ainda Belghit.
As declarações do controverso historiador provocaram uma onda de indignação na Argélia.
Num comentário feito a 02 de maio passado, a televisão nacional atacou violentamente os Emirados Árabes Unidos, acusados de espalhar "uma nova forma de veneno, indecência e insultos contra os argelinos".
Os Emirados, onde está sediada a Sky News Arabia, "ultrapassaram todos os limites", acrescentou a televisão.
Nas redes sociais, os internautas consideraram as declarações de Belghit tão graves quanto as do escritor franco-argelino Boualem Sansal, preso desde novembro de 2024 e condenado no final de março passado a cinco anos de prisão por ter afirmado num meio de comunicação francês de extrema-direita que a Argélia herdara, durante a colonização francesa, territórios que até então pertenciam a Marrocos.
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