Mundo falha na proteção das crianças dos horrores da guerra, diz UNICEF

O mundo está a falhar em proteger as crianças dos horrores da guerra, afirmou hoje a UNICEF.

Palestinian children injured in Israeli airstrike on displaced persons' tent in Khan Yunis

© Lusa

Lusa
25/06/2025 17:58 ‧ há 4 horas por Lusa

Mundo

UNICEF

O número de violações graves contra menores em conflitos armados aumentou 25%, sendo Gaza o lugar do mundo mais afetado, indicou a diretora de Proteção à Criança do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), no debate anual do Conselho de Segurança sobre crianças e conflitos armados.

 

O ano passado foi aquele em que mais menores foram recrutados, raptados, violados ou viram a assistência humanitária negada, desde que há registo, destacou Sheema SenGupta.

SenGupta destacou o caso de Gaza, foi registado o número mais elevado de violações graves, desde que há 20 anos o Conselho de Segurança estabeleceu o Mecanismo de Monitorização e Comunicação.

"Neste contexto, e noutros, estamos a assistir a uma quebra nas proteções básicas a que cada uma destas crianças tem direito. Não apenas como uma questão legal, mas como uma questão de decência humana", disse.

O uso crescente de armas explosivas em áreas povoadas é atualmente a principal causa de mortes de crianças em muitos conflitos no mundo, sendo responsável por mais de 70% de todos os assassínios e casos de mutilação.

"Estas armas destroem casas, escolas, hospitais e abrigos, mesmo com famílias amontoadas dentro de casa, na esperança de serem poupadas", explicou a representante da UNICEF.

Por trás das 22.495 crianças que foram alvo de violações graves no ano passado "estão nomes, rostos e vidas", frisou Sheema SenGupta, contanto que no Sudão, por exemplo, uma rapariga de 14 anos foi violada em grupo na casa da família.

Na Nigéria, seis rapazes com idades entre os 9 a 12 anos encontraram um objeto metálico e levaram-no a um soldador para o venderem como sucata. A munição explodiu enquanto o soldador a examinava, matando-o a ele e aos rapazes, contou.

"Acontece todos os dias, a uma escala inimaginável", alertou.

O aumento de 35% dos casos de violência sexual em contexto de conflito tem alarmado a ONU, garantindo existir uma subnotificação de casos, devido ao estigma, vergonha ou receios de retaliação.

Só na República Democrática do Congo, nos primeiros dois meses de 2025, quase 10.000 casos de violação e violência sexual foram reportados por parceiros da ONU de proteção de crianças. Mais de 40% das pessoas afetadas eram crianças.

"Em poucas palavras: durante este período turbulento, estimamos que uma criança foi violada a cada 30 minutos", afirmou a diretora.

"As crianças não são danos colaterais. Não são soldados. Não são moeda de troca. São crianças. Merecem estar seguras. Merecem justiça. Merecem um futuro", alertou.

A representante da UNICEF pediu ao Conselho de Segurança para que não permita que estas graves violações contra crianças continuem sem controlo: "Isto não pode ser o novo normal".

Na reunião esteve também a representante especial da ONU para as Crianças e Conflitos Armados, Virginia Gamba, que descreveu os horrores sofridos por crianças em várias guerras, denunciando que os beligerantes "parecem optar por resolver as disputas militarmente, a um custo enorme para as crianças, em vez de escolherem negociar a paz para o benefício" de todos os menores.

Gamba criticou ainda a negação do acesso humanitário, que se tornou um dos obstáculos mais graves à proteção de crianças em zonas de conflito como Gaza, Haiti e Darfur.

"Não podemos continuar a assistir passivamente, sem fazer nada, ao que está a acontecer com as crianças em todo o mundo, especialmente em Gaza. A escala de destruição e sofrimento enfrentada pelas crianças de Gaza desafia e contradiz todos os padrões humanos", insistiu, referindo-se ao bloqueio israelita à assistência que entra no enclave.

Antes do debate, 12 dos 15 membros do Conselho de Segurança emitiram um comunicado conjunto em que condenaram as violações e abusos cometidos contra crianças, assim como a impunidade em torno desses crimes, e defenderam a responsabilização dos agressores.

Argélia, China, Dinamarca, França, Grécia, Guiana, Paquistão, Panamá, Coreia do Sul, Serra Leoa, Eslovénia e Reino Unido assinaram o comunicado, tendo ficado de fora Estados Unidos, Rússia e Somália.

Leia Também: Unicef apoiou 8.500 crianças com desnutrição grave em Cabo Delgado

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas