A AAH destaca que desde o início da ofensiva israelita contra o movimento palestiniano Hamas, foram danificadas ou destruídas 89% das infraestruturas de água e saneamento da Faixa, incluindo 238 poços e partes da principal conduta de água para Gaza (Mekerot).
Os impactos nas centrais de dessalinização, poços e outras infraestruturas também reduziram a produção de água para menos de 58% do que era produzido antes da ofensiva, deixando 90% da população de Gaza sem acesso a água potável.
O combustível para abastecer as restantes centrais elétricas e os camiões tornou-se essencial e a ONG estima que, se o acesso for negado, 122 instalações municipais, incluindo poços e estações de bombagem de esgotos, fiquem sem combustível até ao final de junho, afetando o serviço a um milhão de pessoas em Gaza.
Nos próximos dias, "esta situação crítica ameaça comprometer o acesso a água potável a pelo menos 78 mil pessoas no sul", especialmente em Khan Yunis, afirma.
Desde o início da sua ofensiva em Gaza, Israel restringiu o já limitado acesso a combustível.
A 02 de março, quando lançou um bloqueio total ao acesso de ajuda humanitária a Gaza, a entrada de combustível foi também completamente interrompida.
O exército permitiu, em 19 de maio, a entrada de alguns camiões em Gaza (embora a distribuição só começasse dias depois).
Para além de afetar o acesso da população à água, a situação prejudicou o acesso à eletricidade para os hospitais, que também utilizam geradores movidos a combustível.
"Só o acesso humanitário imediato e irrestrito --- a todas as passagens da fronteira de Gaza, à circulação dentro de Gaza, bem como às famílias carenciadas e às reservas de combustível --- evitará uma catástrofe de grandes proporções", afirma a ONG.
A AAH possui mais de 100 pontos de abastecimento de água através de camiões-cisterna na Cidade de Gaza, em Deir el-Balah (centro) e no sul, uma vez que o acesso ao norte está severamente limitado pelas operações do exército israelita e pelas ordens de evacuação.
Israel declarou a 07 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis.
Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, alguns dos quais continuam em cativeiro.
Na sequência da ofensiva, o sobrepovoado e pobre enclave palestiniano está mergulhado numa grave crise humanitária, e cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes.
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