Uma moção de censura seria "um balão de oxigénio para o 'sanchismo'", disse o porta-voz do Partido Popular (PP), Borja Sémper, numa conferência de imprensa em Madrid.
Poucos minutos antes, também em Madrid, o primeiro-ministro de Espanha e líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, tinha desafiado a oposição a avançar com uma moção de censura, face às críticas dos últimos dias por causa das suspeitas de corrupção que envolvem dirigentes do PSOE e um ex-ministro.
Na semana passada, o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, já tinha rejeitado a possibilidade de avançar com uma moção de censura ao Governo, por não ter assegurados os votos necessários no parlamento para ser bem-sucedida, sublinhando que isso se traduziria numa confirmação e relegitimação de Sánchez como primeiro-ministro.
Feijóo tem apelado nos últimos dias aos partidos da geringonça que reelegeram Sánchez primeiro-ministro em novembro de 2023 para refletirem se além de sócios do líder socialista querem passar também a ser cúmplices da corrupção que rodeia o chefe do Governo.
Os partidos da geringonça têm pedido a Sánchez para dar mais explicações e "medidas contundentes" na resposta às suspeitas de corrupção, mas não lhe retiraram, para já, o apoio e têm dito que não vão contribuir para a eleição de um governo do PP e do Vox (extrema-direita).
Borja Sémper considerou que Sánchez continua sem dar explicações suficientes sobre as suspeitas de corrupção no PSOE, que envolvem dois dos homens mais próximos do primeiro-ministro no partido.
"Perdeu qualquer tipo de ligação com a realidade", disse o porta-voz do PP sobre as últimas declarações de Sánchez.
"Aspiramos a que anuncie a dissolução das Cortes e que convoque eleições", acrescentou.
Pedro Sánchez garantiu hoje que o PSOE é "uma organização limpa" e anunciou uma comissão de inquérito parlamentar à suspeita de corrupção que envolve dirigentes da organização e um ex-ministro.
Sánchez desafiou ainda a oposição de direita e extrema-direita a avançar com uma moção de censura ao Governo e voltou a dizer que não vai convocar eleições antecipadas.
O líder do Governo considerou que o relatório policial conhecido na semana passada não aponta para qualquer tipo de financiamento ilegal do PSOE e realçou que o partido se submete a auditorias externas independentes, além das obrigatórias por parte do Tribunal de Contas.
Por outro lado, prometeu colaborar com a justiça e medidas para que este caso, a confirmar-se em sentenças judiciais, "seja o primeiro e o último" caso de corrupção "que afeta" o PSOE sob a sua liderança, depois de reconhecer que "estes estão a ser dias difíceis para a família socialista".
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