Centenas de civis torturados pelos mercenários do Grupo Wagner no Mali

Uma investigação do coletivo de jornalistas Forbidden Stories, publicada hoje, revela que os mercenários da empresa russa Wagner "raptaram e detiveram centenas de civis em antigas bases da ONU e em campos militares partilhados com o exército maliano".

Grupo Wagner

© Reuters

Lusa
12/06/2025 16:05 ‧ ontem por Lusa

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Desde dois golpes de Estado, em 2020 e 2021, que levaram ao poder uma junta liderada pelo general Assimi Goïta, o Mali rompeu a sua aliança com a antiga potência colonial francesa para se virar militar e politicamente para a Rússia, nomeadamente recorrendo aos serviços da Wagner, presente no Mali há três anos e meio.

 

As pessoas entrevistadas na investigação, provenientes de campos de refugiados na vizinha Mauritânia, testemunharam os abusos sofridos nas prisões dos mercenários.

Alguns dos sobreviventes contaram que sofreram simulação de afogamentos, foram espancados com cabos elétricos e queimados com pontas de cigarro.

O inquérito revela uma série de abusos: "raptos, detenções arbitrárias, falta de contacto com o mundo exterior e torturas sistemáticas, por vezes até à morte".

O coletivo identificou seis locais onde os mercenários detiveram civis entre 2022 e 2024, mas o número pode ser "muito mais elevado", segundo os jornalistas.

"O nosso consórcio conseguiu identificar seis bases militares onde civis malianos foram detidos e torturados pelo Wagner entre 2022 e 2024: Bapho, Kidal, Nampala, Niafunké, Sévaré e Sofara", revela a investigação, realizada em colaboração com o canal de televisão francês France 24, o diário francês Le Monde e o portal de notícias russo independente IStories.

O Mali pediu ajuda há três anos e meio ao grupo Wagner para lutar contra os grupos fundamentalistas islâmicos que fizeram milhares de mortos no território.

O Mali nunca reconheceu formalmente a presença dos mercenários, alegando ter recorrido a instrutores russos.

Na semana passada, um canal da rede social Telegram ligado à Wagner anunciou que o grupo estava a abandonar o Mali.

Os seus contingentes serão reintegrados no sucessor, o Africa Corps, outra organização sob o controlo do Ministério da Defesa russo, segundo fontes diplomáticas e de segurança.

Os métodos brutais de Wagner no terreno, no Mali, têm sido regularmente denunciados pelas organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos.

Num relatório, a ONU acusou o exército maliano e combatentes estrangeiros de terem executado pelo menos 500 pessoas em março de 2022, durante uma operação contra fundamentalistas islâmicos em Moura, no centro do país, o que a junta maliana desmentiu.

Segundo os ocidentais, estes combatentes estrangeiros eram membros da organização Wagner.

Em abril passado, foram descobertos corpos nos arredores de um campo militar maliano, alguns dias depois de dezenas de civis, na sua maioria membros da comunidade Peule, terem sido detidos pelo exército e pelos mercenários da Wagner.

Leia Também: Rússia continuará a cooperar com África após saída do grupo Wagner do Mali

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