"As sanções anunciadas na sexta-feira pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos são ilegais e contrárias ao direito internacional", denunciou no sábado à noite o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Ismail Baghaei, em comunicado.
O diplomata disse que as novas sanções fazem parte de "uma política desumana e fracassada de máxima pressão", que o Presidente norte-americano, Donald Trump, retomou contra Teerão após voltar ao poder em janeiro passado, paralelamente ao seu apelo para negociar um novo acordo nuclear.
"[Estas sanções] são mais uma prova da profunda e contínua hostilidade do regime governante norte-americano para com o povo iraniano", afirmou Baghaei.
O Departamento do Tesouro dos EUA anunciou na sexta-feira um novo pacote de sanções direcionadas a uma dezena de indivíduos e cerca de 30 entidades associadas ao Irão, no âmbito das negociações nucleares, que ficaram bloqueadas após a quinta ronda de contactos, realizada em 23 de maio em Mascate, Omã.
Na lista estão nove pessoas de nacionalidade iraniana e uma mulher de nacionalidade chinesa, enquanto a maioria das entidades abrangidas tem sede nos Emirados Árabes Unidos e em Hong Kong.
Os EUA impuseram vários pacotes de sanções contra o Irão desde o início das negociações nucleares entre as partes, sob a mediação de Omã, em 12 de abril passado.
Estas últimas sanções, que segundo Washington visam cortar as redes financeiras que apoiam a República Islâmica com a evasão de sanções anteriores, surgiram depois de o Irão ter criticado a proposta enviada pelos EUA para chegar a um acordo nuclear, que supostamente exige o fim do enriquecimento de urânio no Irão.
"Nestas negociações nucleares mediadas por Omã, a proposta apresentada pelos Estados Unidos contradiz a crença da nossa nação na autossuficiência e no princípio do 'nós podemos'", denunciou o líder supremo do Irão, Ali Khamenei, na quarta-feira.
A máxima autoridade política e religiosa do Irão recusou-se a interromper o enriquecimento no seu país e afirmou que, sem ele, teriam que "implorar por combustível nuclear" aos Estados Unidos, que o venderiam "pelo preço que quisessem" e poderiam "inventar desculpas" para não o fazer.
Washington garante que qualquer acordo nuclear com Teerão deve incluir o "enriquecimento zero", algo que as autoridades iranianas rejeitam e consideram uma linha vermelha.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abás Araqchí, afirmou na quarta-feira que "sem enriquecimento, não há acordo" com os Estados Unidos.
Com estas diferenças, as partes, que iniciaram as conversações em 12 de abril, ainda não chegaram a um acordo sobre a data da sexta ronda negocial.
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