A intenção do Governo é "respeitar os tempos da democracia e celebrar as próximas eleições no ano de 2027, para quando estão previstas", disse Sánchez, em Barcelona, numa Conferência de Presidentes, uma reunião que junta o chefe do Governo nacional e os presidentes dos executivos das 17 regiões e das duas cidades autónomas de Espanha (Ceuta e Melilla).
O Partido Popular (PP, direita), a maior força da oposição, convocou uma manifestação sob o lema "máfia ou democracia" para domingo, em Madrid, a menos de um mês do congresso extraordinário do partido e quando novas suspeitas de corrupção atingem o Governo liderado por Sánchez.
A manifestação foi convocada pelo presidente do PP, Alberto Núñez Feijóo, em 29 de maio, contra o Governo "rodeado de corrupção".
Feijóo disse que os espanhóis deveriam "ter a palavra", mas "como não o podem fazer nas urnas, porque Sánchez continua a negar-se a convocar eleições gerais, poderão fazê-lo na rua".
Hoje, os presidentes autonómicos do PP pediram também a Sánchez uma antecipação das legislativas.
O PP está à frente de 13 dos 19 governos regionais, incluindo os das cidades de Ceuta e Melilla.
No encontro de Barcelona, Sánchez afirmou que não pretende antecipar as eleições, perante intervenções dos presidentes regionais do PP, como o da Andaluzia, Juanma Moreno, que considerou que a situação política em Espanha "é crítica e convulsa" e que está esgotada.
Moreno afirmou que o Governo não tem uma maioria social e parlamentar de apoio, que aprove, por exemplo, o Orçamento do Estado, como acontece há dois anos, e que, por outro lado, há uma crescente "desconfiança" em relação ao executivo.
A Conferência de Presidentes de Barcelona decorreu hoje à porta fechada, mas fontes oficiais do executivo central e dos governos autonómicos partilharam com os meios de comunicação social o teor e citações das intervenções dos respetivos líderes.
Sánchez, primeiro-ministro desde 2018, voltou a ser eleito para o cargo pelo parlamento espanhol em novembro de 2023 por uma geringonça de oito partidos com quem tem de negociar a aprovação de leis, num 'puzzle' que se tem revelado complicado, com várias iniciativas bloqueadas.
Por outro lado, desde que foi reinvestido no cargo, pessoas próximas do primeiro-ministro, como a mulher ou o irmão, e antigos membros do Governo e da direção do Partido Socialista espanhol (PSOE) foram envolvidos em processos judiciais por suspeitas de corrupção.
Perante uma nova polémica relacionada com uma militante do PSOE (Leire Díez), Sánchez tem ouvido, nas últimas semanas, apelos que vão para além da oposição de direita.
Dirigentes do PSOE e do Somar, o partido de esquerda que está na coligação de Governo com os socialistas, pediram "contundência" ao partido na resposta a estes casos. O presidente do governo regional de Castela-La Mancha, o socialista Emiliano García Page, pediu mesmo a convocatória de eleições.
Outros partidos da geringonça parlamentar pediram ao primeiro-ministro para ir ao parlamento dar explicações.
Leia Também: PP espanhol convoca manifestação contra Governo de Sánchez