Novo levantamento revela biodiversidade de tubarões e raias em Cabo Verde

Um novo levantamento da ONG cabo-verdiana Biosfera identificou mais de 700 tubarões e raias de 10 espécies diferentes nas ilhas de Santa Luzia e São Vicente, uma biodiversidade que importa proteger, disse à Lusa o coordenador do projeto.

Sharks gather in warm waters near Israeli power plant

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Lusa
04/06/2025 09:13 ‧ há 2 dias por Lusa

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Cabo Verde

"Esses números, a maioria em Santa Luzia", uma ilha desabitada, "revelam que estamos perante áreas de berçário e agregação de múltiplas espécies dentro da área protegida", disse Steven Pires, ao detalhar os dados recolhidos entre 2019 e 2024 e agora publicados.

 

"Hoje já há uma certa perceção da importância que os tubarões têm no nosso ecossistema e, num único sítio, identificar várias espécies é um grande indicador de um ecossistema a funcionar de forma perfeita", acrescentou.

O trabalho da Biosfera vai juntar aquelas duas ilhas ao mapa que outras organizações não-governamentais já começaram a realizar no arquipélago e que ajudam a cimentar o lugar de Cabo Verde como 'hotspot' de biodiversidade marinha, a nível global.

A viola de barba negra, uma espécie de raia, foi uma das espécies mais vezes marcada pelos membros da Biosfera e que se concentra em apenas quatro das 10 ilhas do arquipélago, o que "requer ainda mais atenção", até porque está sob perigo crítico de extinção.

Um dos próximos passos, juntamente com as autoridades, será definir um plano de gestão, um documento que reúna "um leque de informações para preservação da biodiversidade", disse.

Os tubarões e raias têm um papel importante nos ecossistemas marinhos.

"São eles que mantêm o controlo das outras espécies e da saúde da população", ou seja, "mantêm o ecossistema a funcionar", justificou Steven Pires, contrariando a imagem ameaçadora do tubarão.

"O ser humano é que é a ameaça", disse, numa alusão à pesca e corte de barbatanas, as grandes ameaças à espécie marinha.

O trabalho da Biosfera começou em 2019 e requer mais anos de atividade até se começarem a perceber tendências de crescimento ou recuo, um tipo de análise que está em desenvolvimento com uma universidade canadiana (uma entre diversos parceiros).

"Ao longo do ano vamos fazendo atividades", disse, tanto de marcação ['tagging' na gíria inglesa] de tubarões e raias como de observação remota através de câmaras subaquáticas, entre maio e novembro, meses de maior movimento.

Depois, "há outras parcerias e sinergias com ONG [Organizações Não Governamentais]", referiu.

Steven Pires representou Cabo Verde, em maio, num encontro em que o arquipélago apresentou 15 candidaturas de várias organizações à criação de Áreas Importantes para Tubarões e Raias (ISRA, sigla em inglês).

São áreas do mar classificadas como "importantes para uma ou mais espécies de tubarão, com potencial para serem geridas para conservação", segundo a definição, num trabalho do grupo especializado em tubarões da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).

Se algumas zonas de Cabo Verde receberem aquela classificação, é mais uma forma de enriquecer o património marinho e incentivar a conservação, numa altura em que o Governo elegeu a economia azul como uma das prioridades de crescimento económico.

Questionado sobre esta estratégia, Steven Pires considera que "pode ser benéfica, se for bem feita e levar em conta os trabalhos de ONG e outros estudos relacionados com a preservação de áreas marinhas".

Mais de 90% do território cabo-verdiano é composto por mar e diversos parceiros do país têm chamado a atenção para o seu potencial.

Há um ano, um relatório da International Finance Corporation (IFC), braço privado do Banco Mundial, apontava para a "oportunidade" que representa a "economia azul", ou seja, as atividades ligadas ao mar, "com o objetivo de desenvolver cadeias de valor associadas e reforçar as ligações com a indústria do turismo".

Leia Também: Expansão de centrais em Cabo Verde sem riscos e com impactos "positivos"

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