O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, mostrou imagens de um 'antes e depois' do Centro de Diálise Noura Al-Kaabi, no norte da Faixa de Gaza. Se há quatro meses o hospital ainda estava de pé, atualmente é só um "monte de entulho", completamente destruído.
"A destruição desta unidade de saúde coloca em risco diretamente a vida dos doentes com insuficiência renal. Antes da escalada de violência, a instalação atendia 40 pacientes por semana no norte de Gaza. Na semana passada, a OMS retirou 20 das 23 máquinas de diálise do centro para que se pudessem manter seguras", escreveu Tedros Ghebreyesus no X (ex-Twitter), a acompanhar as fotografias.
No final do texto, Tedros Ghebreyesus voltou a apelar a um cessar-fogo.
"Pela proteção urgente de todas as instalações e pessoal de saúde", acrescentou o diretor-geral da OMS.
The Noura Al-Kaabi Dialysis Center in North #Gaza is now a pile of rubble. The destruction of this health facility directly endangers the lives of patients with kidney failure.
— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) June 3, 2025
Prior to the escalation in violence, the facility was serving 40 patients per week in North Gaza.… pic.twitter.com/nSQ8WQr6Yv
Recorde-se que Israel declarou a 7 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o movimento islamita palestiniano Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, e sequestrando 251.
A guerra naquele território palestiniano fez, até agora, mais de 54.500 mortos, na maioria civis, e mais de 124.500 feridos, além de cerca de 11.000 desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
A situação da população daquele enclave devastado pelos bombardeamentos e ofensivas terrestres israelitas agravou-se mais ainda pelo facto de a partir de 2 de março, e durante quase três meses, Israel ter impedido a entrada em Gaza de alimentos, água, medicamentos e combustível, que estão agora a entrar a conta-gotas e a ser distribuídos em pontos considerados "seguros" pelo Exército, que já várias vezes abriu fogo sobre civis palestinianos que tentavam obter comida, fazendo centenas de vítimas.
A ONU declarou a Faixa de Gaza como estando mergulhada numa grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica", a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU acusou Israel de genocídio naquele território palestiniano e de estar a utilizar a fome como arma de guerra - acusação logo refutada pelo Governo israelita, mas sem apresentar quaisquer argumentos.
Após um cessar-fogo de dois meses, o Exército israelita retomou a ofensiva na Faixa de Gaza a 18 de março e apoderou-se de vastas áreas do território, tendo o Governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciado, no início de maio, um plano para "conquistar" Gaza, que Israel ocupou entre 1967 e 2005.
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