Moçambique deixa de subsidiar preço do algodão na atual campanha agrária

O Estado moçambicano vai deixar de subsidiar, na atual campanha agrária, a comercialização de algodão, por indisponibilidade de verbas, anunciou hoje o Ministério da Agricultura, após a reunião de fixação de preços de referência de 2025.

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Lusa
31/05/2025 11:11 ‧ ontem por Lusa

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Moçambique

"O importante é que houve um acordo possível", afirma o ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas, Roberto Albino, citado numa nota daquele ministério, sobre a aprovação por consenso, na sexta-feira, dos preços mínimos de referência, em conjunto com o Fórum Nacional dos Produtores de Algodão e a Associação Algodoeira de Moçambique.

 

A nova tabela, segundo o ministério, fixa o preço em 22 meticais (30 cêntimos de euro) por quilograma para o algodão de primeira qualidade da campanha agrária 2024/2025 e 15,5 meticais (21 cêntimos) para a segunda qualidade.

Moçambique representa menos de 0,5% da produção mundial de algodão, num mercado liderado por países como Estados Unidos, China ou Índia.

Em 2024, na mesma reunião anual com os produtores, o Governo moçambicano anunciou que iria subsidiar a compra de algodão em cinco meticais (sete cêntimos) por quilograma naquela campanha, para estabilizar os preços, beneficiando 600 mil agricultores, além de incentivar uma "cultura de confiança".

Para a campanha de 2023/24 tinha sido fixado o preço mínimo de 30 meticais (41 cêntimos de euro) por quilograma na venda de algodão, incluindo o subsídio a atribuir pelo Governo, contra os 33 meticais (46 cêntimos) e o subsídio de sete meticais (10 cêntimos) na campanha anterior, quando foram comercializadas 37.400 toneladas, com subsídios estatais de 261,6 milhões de meticais (3,6 milhões de euros)

A falta de chuva em algumas regiões do país devido ao fenómeno meteorológico 'El Niño', o continuo abandono da produção na província de Cabo Delgado, uma das maiores produtoras do país, mas sobretudo o excesso da produção no mercado condicionaram em baixa o preço de 2024 e levaram o Governo, então pelo segundo ano consecutivo, a fixar um subsídio para manter o rendimento aos produtores.

De acordo com dados avançados em 2024 à Lusa pelo presidente da Associação Algodoeira de Moçambique (AAM), Francisco Ferreira dos Santos, o algodão em Moçambique representou uma média anual de 30 a 50 milhões de dólares (28,7 a 48 milhões de euros) em exportações nos últimos 10 anos, sendo uma cultura tida como essencial: "Tem uma cadeia de valor enorme (...) é uma cultura quase que sagrada, com efeitos catalisador na economia e na demografia".

Segundo o atual ministro da tutela, Roberto Albino, o executivo -- empossado em janeiro de 2025 na sequência das eleições gerais de 09 de outubro - vai disponibilizar uma linha de crédito com taxas de juro "extremamente bonificadas", com "previsão de uma taxa de zero por cento para os que estiverem agregados na cadeia de valor dos agroindustriais e pretenderem adquirir equipamentos e insumos agrários", e de até 5% aos restantes.

A produção de algodão em Moçambique cresceu 2% em 2024, face ao ano anterior, para 24.000 toneladas, mas falhou as metas definidas para o setor, segundo dados do Ministério das Finanças sobre a execução orçamental. A produção de algodão, uma das culturas de referência do país, ficou aquém das 40.000 toneladas previstas, cumprindo apenas 60% da meta, embora acima das 23.516 toneladas de 2023.

Em 2024, a área de produção de algodão em Moçambique cresceu para 96.523 hectares, contra os 95.097 hectares no ano anterior.

As exportações de algodão renderam a Moçambique 7,6 milhões de dólares (6,7 milhões de euros) no primeiro semestre de 2024, uma queda de 71% face ao mesmo período de 2023, segundo dados do Banco de Moçambique noticiados anteriormente pela Lusa.

"Este comportamento é explicado pela queda de 4,5% no preço médio da fibra de algodão no mercado internacional, num contexto em que o volume exportado aumentou 36,2%", referia um relatório estático do banco central no final de 2024.

Leia Também: Banco central de Moçambique volta a cortar taxa de juro diretora

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