Homem que esfaqueou Salman Rushdie condenado a 25 anos de prisão

O ataque aconteceu em 2022, quando o escritor Salman Rushdie dava a uma palestra no estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Escritor ficou cego do olho direito.

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© Getty Images

Teresa Banha
16/05/2025 15:51 ‧ há 9 horas por Teresa Banha

Mundo

Salman Rushdie

O homem que esfaqueou o escritor Salman Rushdie em 2022 foi condenado, esta sexta-feira, a 25 anos de prisão.

 

A notícia é avançada pela Associated Press (AP), que dá conta de que Rushdie, de 77 anos, não assistiu à sentença de Hadi Matar.

Matar, de 27 anos, realizou vários golpes, deixando Rushdie cego do olho direito. O homem ouviu a sentença agora, mas foi considerado culpado de tentativa de homicídio na altura.

Apesar da ausência em tribunal esta sexta-feira, o escritor esteve presente durante as sessões de julgamento, durante as quais descreveu que pensou que ia morrer quando o ataque aconteceu. O mesmo defendeu à publicação The Guardian, quando, em 2024 - dois anos após o ataque - deu a sua primeira entrevista acerca do ataque.

Antes de ouvir a sua sentença, Hadi Matar leu uma declaração na qual abordou o tema da liberdade de expressão, durante a qual chamou Rushdie de hipócrita, conta a AP.

"Salman Rushdie quer desrespeitar as outras pessoas. Ele quer ser um bully, ele quer fazer 'bullying' sobre outros. Não concordo com isso", acrescentou.

Matar foi também condenado a sete anos por ter ferido o moderador da palestra de Rushdie, Ralph Henry Reese, que estava no palco com ele.

As duas penas serão cumpridas em simultâneo, uma vez que ambas as vítimas ficaram feridas na mesma ocasião.

"Então és tu". O que pensou Salman Rushdie durante ataque que o cegou?

O escritor, de 76 anos, contou à imprensa norte-americana como já tinha imaginado a sua morte num evento do género em que foi atacado, nos Estados Unidos. Na primeira entrevista emitida pela televisão, Rushdie descreve o atacante como "um míssil agachado".

Notícias ao Minuto | 17:23 - 12/04/2024

Antes de pedir a pena máxima de 25 anos, o procurador, Jason Schmidt, disse que Matar "escolheu" a situação na qual se encontrava. "Ele concebeu este ataque de forma a poder infligir o máximo de danos, não só ao Sr. Rushdie, mas a esta comunidade, às 1.400 pessoas que estavam lá para assistir", defendeu.

A defesa de Matar, por seu lado, referiu que o cliente não tinha registo criminal e sugeriu uma pena de 12 anos de prisão, que foi negada.

Note-se que Rushdie passou 17 dias internado num hospital no estado da Pensilvânia, assim como cerca de três semanas em Nova Iorque, para recuperar.

Mas esta não será a última vez que Matar vai a tribunal, já que nesta primeira fase foi julgado o caso que envolve o ataque em si. Segundo a AP, Matar vai enfrentar agora um julgamento a nível federal por acusações relacionadas com terrorismo, por alegadamente ter fornecido ajuda material à milícia xiita libanesa Hezbollah.

De acordo com as autoridades, Matar, um cidadão norte-americana tentou executar uma 'fatwa', ou édito, com décadas de existência, que pedia a morte de Rushdie, quando viajou da sua casa em Fairview, Nova Jérsia, para o retiro de verão, a cerca de 112,6 quilómetros a sudoeste de Buffalo.

Salman Rushdie é o autor de 'Os Versículos Satânicos', obra pela qual foi condenado à morte pelo Irão do líder religioso Ayatollah Khomeini, que emitiu uma 'fatwa' (decreto da lei islâmica) contra o escritor. O ataque aconteceu 33 anos após este 'fatwa' ter sido emitido. O escritor chegou a viver em paradeiro desconhecido, sob segurança. 

O Irão ofereceu então uma recompensa de três milhões de dólares a qualquer pessoa que assassinasse Rushdie. O governo iraniano há muito que se distanciou do decreto de Khomeini, mas o sentimento anti-Rushdie permanece.

Em 2012, uma fundação religiosa iraniana aumentou a recompensa pelo assassinato de Rushdie para 3,3 milhões de dólares. Rushdie desvalorizou a ameaça na altura, dizendo que não havia "nenhuma prova" de que houvesse alguém interessado na recompensa.

Nesse ano, o escritor publicou o livro de memórias 'Joseph Anton - Uma Memória', sobre a 'fatwa'.

[Notícia atualizada às 16h42]

Leia Também: Salman Rushdie recordou hoje em tribunal a dor do esfaqueamento em 2022

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