"A comunidade internacional não pode permanecer impassível perante o que está a acontecer na Palestina. E nós, pelo menos, não o vamos fazer", disse Sánchez, no parlamento espanhol, num debate sobre orçamentos para a defesa.
Segundo Sánchez, o governo espanhol, uma coligação de esquerda que junta os partidos Socialista e Somar, decidiu avançar com um projeto de resolução na Assembleia-Geral das Nações Unidas, na sequência do anúncio do novo plano de Israel para Gaza.
O objetivo é que a Assembleia-Geral da ONU "se pronuncie sobre o que está a acontecer em Gaza" e propor "medidas urgentes para deter a matança de civis inocentes e garantir ajuda humanitária" à população, afirmou.
Sánchez sublinhou que Espanha e o governo têm sido dos mais contundentes e mais claros no apoio e defesa da causa palestiniana, assim como na condenação da operação militar de Israel neste território, desencadeada após o ataque do grupo islamita radical Hamas em outubro de 2023.
Espanha reconheceu a Palestina como Estado, formalmente, no ano passado, juntou-se ao processo judicial contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que decorre no Tribunal Penal Internacional, exigiu à UE que desbloqueie transferências para a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA) e aumentou os apoios diretos, sendo já o maior doador de ajuda humanitária para o Médio Oriente, acrescentou.
"Mantemos uma posição protagonista nos fóruns regionais que tratam deste assunto", acrescentou.
Além disso, juntamente com a Irlanda, Espanha "é o único país da Europa que decidiu paralisar tanto a venda como a compra de armamento a Israel desde o início da ofensiva em Gaza", garantiu Pedro Sánchez, que pouco antes tinha sido acusado por partidos da oposição de manter ativos contratos de compra e venda de material militar com empresas de Israel.
O primeiro-ministro sublinhou que Espanha mantém e continua a respeitar o compromisso que assumiu em outubro de 2023 de não comprar ou vender material militar a Israel, desmentindo dados que têm sido publicados na imprensa espanhola e referidos por organização não-governamentais (ONG).
Sánchez garantiu que os contratos referidos pelas ONG e partidos da oposição são mal interpretados e divulgados com imprecisões, estando em causa não a compra ou venda de armas ou munições, mas sim outro tipo de material, como coletes antibala, para as forças de segurança, ou componentes "absolutamente imprescindíveis" para a reparação e manutenção de equipamentos que usavam já as polícias e forças armadas espanholas.
"Espanha foi e continua a ser dos países mais comprometidos com a paz no médio Oriente e com o futuro da Palestina", insistiu.
No momento em que decorria este debate no parlamento, Espanha e outros cinco países europeus (Islândia, Irlanda, Luxemburgo, Noruega e Eslovénia) divulgaram uma declaração conjunta em que condenam o novo plano de Israel para Gaza, território que sublinham ser "parte integrante do Estado da Palestina" e que "pertence ao povo palestiniano".
Na segunda-feira, o governo israelita anunciou o lançamento de uma nova campanha militar que inclui "a conquista" da Faixa de Gaza e a deslocação maciça da população dentro do território.
"Gaza será totalmente destruída", afirmou na terça-feira o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, de extrema-direita, quando questionado sobre a visão para o período pós-guerra em Gaza.
Depois de ter sido deslocada para sul, a população de Gaza começará a "partir em grande número para países terceiros", afirmou Smotrich numa conferência no colonato judaico de Ofra, na Cisjordânia, território palestiniano ocupado por Israel desde 1967.
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