"As ações da Índia foram direcionadas e precisas", garantiu a embaixada em comunicado, acrescentando que Marco Rubio, também conselheiro interino de segurança nacional, foi informado "sobre as ações tomadas".
A Índia lançou ataques aéreos contra o Paquistão durante a madrugada de hoje (quarta-feira, hora local), com as forças paquistanesas a responderem com fogo de artilharia na Caxemira, elevando a escalada entre as duas potências nucleares a um novo nível.
Ouviram-se grandes explosões nos arredores de Srinagar, a maior cidade de Caxemira administrada pela Índia, não muito longe do quartel-general do exército indiano na região, observaram os jornalistas da agência France-Presse (AFP).
Antes, ocorreram fortes explosões em pelo menos cinco zonas do Paquistão --- na Caxemira e no Punjab, que faz fronteira com a Índia.
O ministro da Defesa paquistanês, Khawaja Asif, disse à AFP que três civis, incluindo uma criança, morreram.
A Índia, por sua vez, disse que "atingiu a infraestrutura terrorista no Paquistão (...) a partir da qual foram organizados e direcionados os ataques terroristas contra a Índia".
Esta nova escalada entre os dois vizinhos, rivais desde a penosa divisão em 1947, foi desencadeada por um ataque que causou choque na Índia.
A 22 de abril, homens armados mataram a tiro 26 homens na Caxemira administrada pela Índia. Imediatamente após este ataque, que nunca foi reivindicado, Nova Deli acusou Islamabade. O Paquistão, no entanto, nega-o.
Mas a polícia indiana diz estar à procura de pelo menos dois cidadãos paquistaneses entre os atacantes e os seus cúmplices, e diz que estão ligados ao LeT, o movimento jihadista Lashkar-e-Taiba, sediado no Paquistão, já suspeito dos ataques que mataram 166 pessoas em Bombaim em 2008.
Um dos locais visados durante a noite pelo exército indiano foi a Mesquita Subhan, em Bahawalpur, no Punjab paquistanês, que, de acordo com os serviços de informação indianos, está ligada a grupos próximos do LeT, principalmente o Jaish-e-Mohammed (JeM).
Logo após os ataques, Caxemira explodiu em chamas, com os jornalistas da AFP na área disputada a relatarem explosões cada vez mais próximas umas das outras.
"A resposta começou e, se Deus quiser, vai intensificar-se", ameaçou Asif em entrevista à AFP, enquanto o Comité de Segurança Nacional do Paquistão, um órgão convocado apenas para situações extremas, se reúne hoje de manhã (06:00 em Lisboa).
"O mundo não se pode dar ao luxo de um confronto militar" entre a Índia e o Paquistão, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres enquanto os dois vizinhos têm vindo constantemente a afirmar o seu "direito de se defender" há duas semanas.
Já o presidente norte-americano, Donald Trump, disse esperar que os confrontos entre a Índia e o Paquistão "terminem muito rapidamente".
O exército indiano, por sua vez, alegou que o Paquistão lançou fogo de artilharia sobre o seu território, acusando-o de "violar mais uma vez o acordo de cessar-fogo ao lançar fogo de artilharia nos setores de Bhimber Gali e Poonch-Rajauri" na Caxemira indiana.
Nova Deli frisou que "nenhuma instalação militar paquistanesa foi atacada", insistindo que está a demonstrar "considerável contenção".
Pouco antes dos ataques, Nova Deli tinha acabado de ameaçar "cortar a água" que irriga o Paquistão, em retaliação pelo ataque mortal de 22 de abril.
Nas últimas dez noites, soldados indianos e paquistaneses têm trocado tiros com armas de pequeno porte ao longo da fronteira que separa os seus países. Nenhuma vítima foi relatada até agora, de acordo com Nova Deli.
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