O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), uma organização sediada em Londres com uma vasta rede de colaboradores na Síria, disse que "homens armados não identificados atacaram o clube noturno Al-Karawan no bairro de Hijaz com armas automáticas, matando uma dançarina e ferindo várias pessoas".
O governador de Damasco, Maher Marwan, confirmou a morte de uma jovem e "condenou veementemente o trágico incidente" e indicou que vai perseguir os agressores, cujos motivos não são conhecidos.
"Ouvi tiros ao amanhecer e só me atrevi a entrar no clube depois de os tiros terem parado", disse uma testemunha à agência de notícias France Presse (AFP) sob anonimato, contando que no local estava o corpo de uma mulher, com vestígios de sangue no chão, "uma cena de caos".
A discoteca foi encerrada por ordem das forças de segurança, disse um segurança de um prédio próximo.
O estabelecimento está localizado no rés-do-chão de um edifício que alberga vários escritórios, numa zona comercial no coração de Damasco, onde muitos bares e discotecas estão licenciados há décadas.
"Trabalho aqui há cinco anos e nunca houve problemas nesta discoteca, que está fechada durante o dia", comentou um vendedor próximo à AFP.
Um morador indicou que um carro com agentes das forças de segurança estava estacionado na esquina há vários dias, a vigiar a zona.
Segundo o OSDH, a discoteca Al-Karawan é um conhecido local de entretenimento em Damasco e "oferece uma variedade de formas de arte, como dança, canto e música, e também recebe concertos de artistas famosos".
Este ataque ocorreu horas depois de ter sido divulgado nas redes sociais um vídeo filmado por uma câmara de vigilância que mostra um grupo armado a atacar outra discoteca no centro de Damasco, alguns dias antes.
As imagens, autenticadas pela AFP, mostram homens armados a aproximarem-se da discoteca e a usar coronhas de espingardas para atacar clientes homens e mulheres em pânico enquanto fugiam.
O Ministério do Interior anunciou a detenção dos agressores no domingo, noticiou o canal Al-Ekhbariya.
Desde a queda do regime do ex-presidente Bashar al-Assad, em dezembro, dezenas de bares e cafés, dos quais vários servem bebidas alcoólicas, mantêm-se abertos normalmente.
A coligação islamita que governa a Síria tem procurado tranquilizar a população e a comunidade internacional, apesar das acusações de radicalismo, no sentido do respeito das liberdades e proteção das minorias.
O OSDH indicou também que um grupo de homens mascarados com uniforme militar atacou uma loja que vendia bebidas alcoólicas na cidade de Rablah, maioritariamente habitada por cristãos, na zona rural de Al-Qusayr, na região de Homs.
Os homens armados agrediram um jovem que estava na loja no momento do ataque, danificaram o interior e roubaram dinheiro, de acordo com a organização.
"Antes de abandonarem a zona, os homens armados ameaçaram matar os habitantes da cidade, chamaram 'infiéis' aos habitantes e insultaram a religião cristã e os seus símbolos", prossegue a descrição do OSDH.
A Síria foi atingida por uma nova vaga da violência sectária nos últimos dias entre as forças de segurança e a minoria drusa, que já provocou dezenas de mortos.
Além da Síria, incluindo os Montes Golã ocupados, os drusos, uma comunidade esotérica descendente de um ramo do Islão, vivem sobretudo no Líbano e em Israel.
A nova vaga de violência reacendeu o espetro de confrontos sectários, após os massacres em março que tiveram como alvo a minoria muçulmana alauita, um ramo dos xiitas a que pertence Bashar al-Assad, derrubado por uma coligação de rebeldes islamitas sunitas, agora no poder.
Estes confrontos resultaram na morte de mais de 1.700 pessoas, na maioria alauitas civis.
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