"Netanyahu está descaradamente a tentar ditar o que o presidente Donald Trump pode ou não fazer na sua diplomacia com o Irão", escreveu o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, nas redes sociais, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
O Irão e os Estados Unidos, inimigos há quatro décadas, iniciaram conversações sobre a questão do programa nuclear iraniano em 12 de abril, com a mediação de Omã.
Em 27 de abril, Netanyahu apelou aos Estados Unidos para que chegassem a um acordo com Teerão, privando o Irão de toda a capacidade de enriquecimento de urânio e impedindo o país persa de desenvolver mísseis balísticos.
O Irão, que considera estas exigências como uma linha vermelha nas negociações, acusou Netanyahu de ditar a política norte-americana.
"O mundo percebeu como Netanyahu INTERVÉM diretamente com o governo dos Estados Unidos para o arrastar para outra catástrofe na nossa região", disse Araghchi, escrevendo algumas palavras em maiúsculas.
Araghchi citou o apoio inabalável dos Estados Unidos a Israel na guerra em Gaza contra o movimento extremista palestiniano Hamas, bem como os ataques norte-americanos contra os rebeldes Huthis no Iémen.
Os Huthis, que controlam vastas áreas do Iémen devastado pela guerra, atacam regularmente território e navios israelitas no mar Vermelho em apoio aos palestinianos em Gaza.
"O apoio MORAL ao genocídio de Netanyahu em Gaza e à guerra travada em nome de Netanyahu no Iémen não fez NADA pelo povo americano", disse Araghchi, alertando contra "QUALQUER erro contra o Irão".
Netanyahu prometeu no domingo retaliar contra os Huthis, mas também contra o Irão por apoiar militarmente, segundo afirmou, os rebeldes iemenitas, que reivindicaram um ataque com míssil contra o principal aeroporto internacional de Israel.
Araghchi admitiu ser possível alcançar um acordo com os Estados Unidos, mas apenas através da "diplomacia, baseada no respeito e no benefício mútuo", segundo a agência de notícias iraniana Irna.
"A minoria Netanyahu na América, que tem pavor da diplomacia, revelou agora a verdadeira agenda. O mundo deve prestar atenção às suas verdadeiras prioridades", acrescentou.
Os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, e Israel há muito que suspeitam que o Irão pretende adquirir armas nucleares.
Teerão rejeita as alegações e defende ter o direito à energia nuclear para fins civis, nomeadamente energéticos.
Um anterior acordo com o Irão foi concluído em 2015, mas caducou com a decisão de Trump de retirar os Estados Unidos do pacto em 2018, durante o primeiro mandato presidencial (2017-2021).
O acordo envolvia também a China, a França, a Rússia, o Reino Unido e a Alemanha, e limitava o programa nuclear do Irão em troca do levantamento das sanções económicas.
Desde que regressou à presidência, em janeiro, Trump apelou ao Irão para negociar um novo texto, mas ameaçou bombardear o país se a diplomacia falhasse.
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