No discurso que abriu a "Conferência Internacional de Combate ao Antissemitismo", organizada pelo governo israelita, Netanyahu afirmou que no dia 07 de outubro de 2023, após o ataque do movimento islamita palestiniano Hamas, o povo israelita aprendeu que "se puderem, estes assassinos selvagens do Hamas vão matar-nos a todos".
Netanyahu explicou que o povo judeu se encontra atualmente numa situação diferente daquela em que se encontrava quando ocorreu o Holocausto.
"Hoje temos um Estado, hoje temos um exército, hoje podemos defender-nos e defendemo-nos. Já não somos impotentes, já não somos fracos", afirmou, perante os aplausos da audiência no Centro Internacional de Convenções de Jerusalém.
Nesse sentido, defendeu que o destino das sociedades livres "está ligado à vontade de se lutar contra o flagelo do antissemitismo", que, no seu entender, "ressurgiu" com os islamistas no Iémen, no Irão, no Líbano, em Gaza e noutros locais, que alegou quererem destruir o Estado judaico.
Netanyahu explicou que, enquanto a 07 de outubro, "muitos pensavam que Israel estava à beira da extinção", um ano e meio depois, Israel está a "mudar a face do Médio Oriente" e a "trazer um novo futuro".
Na conferência, tanto o secretário-geral da ONU, António Guterres, como o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, entre outros políticos europeus, foram acusados de serem "aliados de islamistas fanáticos que aprenderam a usar fatos".
As acusações partiram do ministro israelita da Diáspora e da Luta contra o Antissemitismo, Amichai Chikli, que considerou também que Guterres e Sánchez, por causa dessa "aliança", representam "o colapso moral do Ocidente".
Segundo Chikli, os "islamistas fanáticos que aprenderam a vestir fatos e a dar nomes simpáticos às suas organizações" estão a "encontrar aliados", muitos dos quais, sustenta, são "jovens nos campus universitários", que descreveu como "idiotas úteis".
A eles, prosseguiu, juntam-se professores universitários ou políticos de extrema-esquerda que alinham nesse caminho "apesar de a civilização que lhes deu liberdade".
Entre eles, o ministro israelita citou, além de Guterres e Sánchez, o presidente do partido de esquerda francês França Insubmissa (LFI), Jean-Luc Mélenchon, e o britânico Jeremy Corbyn, antigo líder do Partido Trabalhista britânico.
"Todos eles representam o colapso moral do Ocidente e não tenho mais do que desprezo por eles", afirmou.
Chikli referiu-se também aos "ministros dos Negócios Estrangeiros europeus" que "fazem fila para cumprimentar" Ahmed al-Chareh, chefe do novo governo de transição na Síria, que descreveu como um "antigo comandante do Estado Islâmico vestido de estadista".
O ministro israelita saudou a política do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e disse que a luta contra o antissemitismo exige "ações concretas como a revogação dos vistos para aqueles que apoiam o Hamas e o Hezbollah no Ocidente".
"Contra o antissemitismo não precisamos de esforços, precisamos de uma guerra em grande escala", afirmou o ministro.
O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, também falou na abertura da conferência, afirmando que atualmente "os judeus estão a ser atacados pela existência de Israel", o que descreveu como "o novo antissemitismo".
"Os islamistas radicais têm uma nova arma: a guerra legal. Utilizaram as instituições do direito internacional para tentar atar as nossas mãos. Tentaram eliminar a capacidade de Israel se defender. Vemos isso nas ações antissemitas do TPI [Tribunal Penal Internacional], do TIJ [Tribunal Internacional de Justiça] e do Conselho de Direitos Humanos da ONU", afirmou.
Para Saar, "não são apenas os radicais islâmicos que estão por trás do novo antissemitismo", mas existe "uma aliança perturbadora entre os progressistas radicais de extrema-esquerda e o fundamentalismo islâmico".
Entre os participantes na conferência encontra-se o francês Jordan Bardella, presidente da União Nacional (extrema-direita), que, na sua intervenção, destacou que o mundo assiste atualmente a uma "lua de mel entre o islamismo e a esquerda radical".
O ataque do Hamas ao território israelita, a 07 de outubro de 2023, que causou 1.200 mortos e levou ao sequestro de mais de 250 pessoas, "deveria ter silenciado os opositores de Israel", mas "revigorou-os", afirmou Bardella na conferência, reafirmando o "princípio intangível do direito de Israel a viver em segurança" e a necessidade de "enfrentar a ameaça islâmica", que descreveu como "o totalitarismo do século XXI".
"O islamismo quer destruir todos os que não são como eles, quer conquistar as nossas sociedades", afirmou, acrescentando que "um antissemitismo ambiental" está a renascer na Europa.
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