Sánchez diz que gastar mais com Defesa é também oportunidade para economia

O primeiro-ministro espanhol defendeu hoje o aumento dos gastos com Defesa e segurança na União Europeia, face a mudanças na ordem mundial, e considerou que pode ser também uma oportunidade para um "salto tecnológico" e para a economia.

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Lusa
13/03/2025 19:07 ‧ há 2 semanas por Lusa

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Espanha

Numa conferência de imprensa em Madrid, Sánchez reiterou que Espanha "está preparada" para aumentar os orçamentos com Defesa até aos 2% do Produto Interno Bruto (PIB) e admitiu alcançar esse objetivo antes de 2029, como se comprometeu a fazer no seio da NATO (a aliança de defesa e segurança de países europeus e da América do Norte).

 

O primeiro-ministro remeteu mais detalhes sobre essa antecipação de calendário e montantes para a próxima cimeira da NATO, prevista para julho, nos Países Baixos.

Sánchez defendeu o aumentos dos gastos com a Defesa, como propõe também a Comissão Europeia, face à ameaça que representa a Rússia (que atacou e invadiu militarmente a Ucrânia em fevereiro de 2022) e às mudanças na ordem mundial (como os novos posicionamentos do Governo dos EUA liderado por Donald Trump), afirmando que a Europa tem de ser mais autónoma em matéria militar e de segurança.

O líder do Governo espanhol invocou a necessidade de solidariedade com os países europeus que se sentem mais ameaçados pela Rússia, pela proximidade geográfica, como acontece na região do Báltico ou no leste e norte da UE, sublinhando que países do sul, como Espanha, beneficiarem no passado, noutros momentos e crises, como a da pandemia, da solidariedade desses Estados-membros.

No entanto, para Sánchez, "é obviamente importante falar em Defesa, mas é sobretudo importante falar em segurança, um conceito muito mais amplo" e que corresponde melhor às necessidades de países europeus mais afastados da Rússia ou do sul da Europa.

Nesse sentido, considerou necessário "não apenas gastar mais, mas gastar melhor e gastar juntos" no quadro da UE e "à escala europeia", e considerou que aumentar estes orçamentos deve servir para "criar tecnologia, criar indústria, criar economia na Europa".

"Esta pode ser também uma oportunidade para Espanha", acrescentou, apelando à mobilização de 'start-ups' e de pequenas e médias empresas para, em conjunto com grandes corporações da indústria de Defesa, aproveitarem o "grande salto tecnológico" de que a Europa precisa nesta área.

Em concreto, referiu, entre outras, a necessidade de tecnologia para responder a "ameaças híbridas" ou ciberataques, com o desenvolvimento de material "de duplo uso", que pode ser aplicado noutras áreas, como a vigilância marítima ou no combate ao terrorismo.

Sánchez falava aos jornalistas em Madrid, após ter recebido na Moncloa, a sede do governo espanhol, os partidos da oposição com representação parlamentar para abordar a questão dos orçamentos da defesa.

Espanha destinou em 2023 1,28% do PIB à Defesa, a taxa mais baixa dos membros da NATO.

Segundo analistas, apesar dos incrementos na despesa com a Defesa nos últimos anos, o crescimento da economia espanhola tem tornado esses 2% num esforço maior. Por outro lado, Espanha partiu de uma base muito baixa (menos de 1% há sete anos) para alcançar o objetivo com que se comprometeram os países da NATO e, além disso, está há dois anos sem Orçamento do Estado novo, pela necessidade de o Governo, minoritário, ter de negociar com uma 'geringonça' de oito partidos de orientações diferentes.

Sem orçamento novo, os tetos de despesa mantêm-se há dois anos, dificultando a execução de alguns fundos ou mudanças nos gastos setoriais.

Espanha é, além disso, governada desde 2018 por uma coligação de esquerda formada pelo Partido Socialista (PSOE) e a plataforma Somar (antes Unidas Podemos), que integra formações diversas, incluindo algumas que são contra o aumento dos gastos com a Defesa, como a Esquerda Unida (ex-Partido Comunista).

Hoje, e numa mensagem destinada ao Somar e outros partidos da 'geringonça' parlamentar, Sánchez garantiu que não cortará "nem um cêntimo" nas políticas sociais por causa do aumento de gastos com a defesa.

Por outro lado, admitiu que pode usar mecanismos para aumentar estes gastos sem necessidade de passar por votações no parlamento, sem dar mais detalhes.

Sánchez tem estado nas reuniões de líderes europeus das últimas semanas, como as promovidas por Londres e Paris, para debater a segurança da Europa e o apoio à Ucrânia, e tem sido dos chefes de Governo da Europa mais contundentes, no discurso público, na defesa do apoio à Ucrânia e nas críticas a Trump.

Leia Também: Merz propõe investimento no clima com vista à aprovação de plano para Defesa

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