"Concluímos a proposta com um fundo especial não só para investimentos em infraestruturas, mas também para investimentos para a proteção do clima", afirmou Merz numa sessão plenária extraordinária do Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão), sublinhando que a proposta inclui "possíveis transferências até 50 mil milhões de euros para o Fundo para o Clima e a Transformação".
A Esquerda já se manifestou disposta a iniciar conversações sobre a abolição ou a reforma do 'travão' da dívida, consagrado na Constituição alemã, que limita os empréstimos do Estado alemão a 0,35% do Produto Interno Bruto (PIB), mas opõe-se à criação de um fundo de 500 mil milhões de euros para a Defesa e infraestruturas, acordada entre conservadores (CDU) e sociais-democratas (SPD).
Os conservadores e os sociais-democratas precisam de uma maioria de dois terços na câmara baixa para a sua reforma constitucional sobre o 'travão' da dívida, algo que poderão conseguir com os Verdes, dada a atual configuração do Bundestag.
"Temos de agir agora para aumentar significativamente a nossa capacidade de Defesa e temos de o fazer rapidamente e com grande unidade na política externa e de segurança", sublinhou o líder dos conservadores, que venceu as eleições federais de 23 de fevereiro.
Merz defendeu ainda que, independentemente da composição do Bundestag, a Alemanha deverá ter capacidades para se defender e "regressar ao palco internacional" como um parceiro de confiança na Europa, na NATO e no mundo.
De acordo com a imprensa alemã, os Verdes apresentaram aos representantes do bloco conservador e do Partido Social-Democrata (SPD) um documento que critica as aspirações dos dois partidos para a Defesa.
Por outro lado, tanto a Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, como a extrema-esquerda querem travar os planos com recursos ao Tribunal Constitucional.
Katharina Dröge, colíder do grupo parlamentar dos Verdes anunciou na segunda-feira a rejeição das propostas de CDU/CSU e SPD para um acordo de alteração da Constituição, criticando que os investimentos em infraestruturas serão na realidade utilizados para reduzir os impostos.
A deputada disse ainda que o seu partido vê a necessidade de reformar o 'travão' da dívida, mas ressalvou que não é essencial aprovar estas propostas antes de o novo Bundestag ser formado, após as eleições de fevereiro, como querem fazer os sociais-democratas e os conservadores que estão a negociar uma coligação governamental.
No novo Bundestag, o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e o partido A Esquerda têm lugares suficientes para vetar uma reforma constitucional --- que deverá ser aprovada por uma maioria de dois terços.
Dröge, no entanto, disse que, uma vez formado o novo Bundestag, seria possível negociar uma reforma do 'travão' da dívida com a esquerda, e que os Verdes também estariam dispostos a apoiar este processo.
O SPD e a CDU querem iniciar o processo parlamentar numa sessão extraordinária em 18 de março, ainda com o atual parlamento em funcionamento, mas a AfD já enviou o plano com urgência para o Tribunal Constitucional.
O Partido Liberal Democrático (FDP) também já recusou aprovar a proposta de reforma do alívio da dívida e acusou o bloco conservador de ter cedido completamente ao SPD (centro-esquerda) na política económica.
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