2025: Incertezas no ano em que Angola celebra 50 anos de independência

Um ano de incertezas, com falta de empregos e crise social, é o que antecipam analistas angolanos para 2025, data em que Angola comemora 50 anos de independência.

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Lusa
10/12/2024 09:04 ‧ 10/12/2024 por Lusa

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Angola

O economista angolano Wilson Chimoco antevê, em declarações à agência Lusa, 2025 como um ano de "muitas incertezas", com expectativas de um crescimento económico positivo, mas reduzida capacidade de criar empregos e pouco espaço para a desaceleração da inflação.

 

O economista estima que em 2025 o mercado angolano vai continuar a oferecer oportunidades de negócios e de investimentos, apesar das barreiras estruturais que ainda enfrenta.

"Vamos continuar a assistir a uma maior atração de financiamento externo, com realce para os setores dos transportes e energias, mas não se espera uma entrada substancial do investimento direto estrangeiro em Angola", considerou.

O docente universitário espera que, no próximo ano, continue a melhorar o ambiente de negócios, com particular destaque para o setor não petrolífero.

Para este especialista, "é pouco provável" que se registe uma queda na taxa de desemprego ou da inflação, ainda "muito dependente da evolução da taxa de câmbio e do cumprimento do programa de remoção dos subsídios aos combustíveis", que deverá ocorrer em 2025.

No domínio social, o padre Jacinto Pio Wacussanga destacou o "jubileu de ouro" da independência nacional em 2025, defendendo que os 50 anos "deveriam ser celebrados com inclusividade".

"Inclusividade histórica e também das comunidades, mas não quero crer que isso vai acontecer", disse o sacerdote, salientando que inclusividade implica um olhar autocrítico, uma avaliação "do que correu bem e do que correu mal".

Na sua opinião, as comemorações dos 50 anos de independência, que se assinalam a 11 de novembro de 2025, vão "ser à mesma moda, de celebrar com champanhe", descurando "as crises sociais, a fome, a cesta básica que não desce de preço, o aumento exponencial da vulnerabilidade, e os mais de 10 milhões de pobres que não têm acesso a uma alimentação adequada".

"É isso que prevejo, que, infelizmente, venham a ser as celebrações do próximo ano. Não creio que venham a ser inclusivas, porque nos falta muito pouco, menos de um ano e não vamos eliminar a pobreza dos 10 milhões de angolanos, vai ser impossível. Não vamos reverter as questões de fome que afetam toda Angola, especialmente o sul e o leste", disse.

Jacinto Pio Wacussanga, que trabalha com as comunidades do sul do país, considerou que este quadro social possa dar lugar a contestações populares, "porque será exatamente o resultado da crise humanitária" que o país vive e que não está a ser abordada "com as ferramentas sociais" existentes.

"Não temos nenhum programa de empoderamento das comunidades, nenhum crédito comunitário, o que é muito grave. Os créditos vão já com recomendação de gabinete, para empresários conhecidos, enfim, a esmagadora maioria dos empresários, aqueles que têm cartão do M [MPLA, partido no poder], então, esse não é um país inclusivo", vincou.

Para o padre, muitos angolanos "estão excluídos de partilharem do bolo nacional, do dividendo da paz", o que leva a que "muitos estejam descontentes".

Segundo Jacinto Pio Wacussanga, falta, por exemplo, um enquadramento conveniente dos ex-combatentes de vários ramos, que "estão na rua, são estivadores, dedicam-se a trabalhos precários e os seus filhos não gozam de inclusividade".

"Infelizmente, o quadro não é bonito e depois está ali o alerta, o aviso à navegação, do que surgiu no Índico, a partir de Moçambique. Deveríamos pôr-nos de atalaia, para que o que ocorre lá não venha a ocorrer aqui, adotando medidas preventivas de profundidade, que visassem rever as causas da nossa crise social. Isto, infelizmente não está a acontecer", frisou.

"Não creio que estejamos no bom caminho para podermos prevenir os males que estão a acontecer noutras latitudes", acrescentou.

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