A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, tomou esta decisão depois de se ter reunido hoje à tarde com o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, o ministro do Interior, Matteo Piantedosi, o ministro da Defesa Guido Crosetto e membros dos serviços secretos, para analisar a situação na Síria.
"Na reunião, o Governo estabeleceu, na sequência de outros parceiros europeus, suspender o processamento dos pedidos de asilo provenientes da Síria", pode ler-se, em comunicado.
Itália decidiu ainda manter a sede diplomática, agradecendo profundamente a todo o pessoal destacado.
Também o Governo neerlandês anunciou hoje que os serviços de imigração vão suspender as avaliações dos pedidos de asilo apresentados por cidadãos sírios nos Países Baixos durante os próximos seis meses, perante a incerteza.
A ministra dos Países Baixos da Migração e do Asilo, Marjolein Faber (extrema-direita), apontou que "atualmente, não existe clareza suficiente sobre a situação na Síria para tomar uma decisão informada sobre os pedidos de asilo de cidadãos sírios" e a Lei dos Estrangeiros permite prolongar o período de decisão em situações de "incerteza temporária sobre o país".
No entanto, os pedidos pendentes há mais de 21 meses deverão ser resolvidos e o regresso forçado à Síria não era, por si só, possível devido à falta de relações diplomáticas com o regime de Al Assad. Para deportar uma pessoa é necessário negociar com o país de origem.
A política de asilo aplicada nos Países Baixos aos cidadãos sírios baseia-se sobretudo na "insegurança geral" do país, acentuada pelas ações repressivas das autoridades sírias em grande parte do território.
As violações dos direitos humanos sob Al Assad que os sírios enfrentaram ao regressar foram razão suficiente para representar "um risco real de danos graves" e aprovar o seu asilo.
O líder da direita radical Geert Wilders, um parceiro do Governo, queria a suspensão total dos pedidos de asilo e uma deportação ativa dos sírios, argumentando que "estão agora a celebrar a nova situação" na Síria.
Entretanto, os liberais VVD e os agricultores BBB defenderam uma "pausa" nas decisões porque "é ainda incerto o que os recentes desenvolvimentos na Síria significarão para a segurança dos refugiados sírios".
A Suécia, a Suíça, a Dinamarca, a Noruega e o Reino Unido também anunciaram hoje a suspensão da análise dos pedidos de asilo de refugiados sírios.
Os rebeldes declararam a 08 de dezembro Damasco 'livre' do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de uma ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islamita Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia, para derrubar o regime sírio.
Perante a ofensiva rebelde, Assad, que esteve no poder 24 anos, abandonou o país e asilou-se na Rússia.
Rússia, China e Irão manifestaram preocupação com o fim do regime de Assad, ao passo que a maioria dos países ocidentais e árabes se mostrou satisfeita por Damasco deixar de estar nas mãos do seu clã.
No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baath foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.
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