As eleições em Moçambique, com a onda de violência que se seguiu, foi o acontecimento da lusofonia de 2024 escolhido pelos jornalistas da agência Lusa.
Os observadores internacionais constataram irregularidades durante o escrutínio das eleições gerais de 09 de outubro em Moçambique e a oposição fala em fraude eleitoral, não reconhecendo a vitória do candidato presidencial apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e do partido que está no poder desde a independência.
Os protestos populares têm sido convocados por Mondlane, que se encontra em paradeiro desconhecido, depois do seu advogado e o mandatário do partido que o apoia terem sido mortos a tiro em Maputo após as eleições.
A violência policial na repressão dos protestos, nos quais mais de 240 pessoas foram baleadas, tem sido denunciada por organizações não-governamentais, que têm apelado à ação da comunidade internacional, com críticas da Ordem dos Advogados de Moçambique, que afirmou ter já garantido a libertação de milhares de pessoas detidas, a maioria ilegalmente.
Enquanto organizações como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral expressaram preocupação com a onda de violência e apelaram à calma, a Comissão Europeia, para além de pedir contenção de todas as partes, considerou também que a "brutalidade da repressão" das manifestações contribuiu para o agravamento da situação.
Numa tentativa para travar o conflito, o atual Presidente moçambicano convocou todos os candidatos presidenciais, mas o encontro ficou marcado pela ausência de Mondlane, que impunha a eliminação imediata dos processos judiciais de que é alvo como uma das condições para participar.
Os resultados da votação das presidenciais, legislativas e para governadores provinciais foram anunciados a 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), mas estes precisam de ser ainda validados e proclamados pelo Conselho Constitucional, o que deverá acontecer até final do ano.
Segundo a CNE, Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, venceu as presidenciais com 70,67% dos votos. Já Mondlane terá garantido 20,32% dos votos.
Por outro lado, a Frelimo reforçou a maioria parlamentar, passando de 184 para 195 deputados (em 250), e elegeu todos os dez governadores provinciais do país.
O Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), pequeno partido até agora extraparlamentar e que apoiou a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, ficou em segundo lugar, elegendo 31 deputados.
Em sentido contrário, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), até agora maior partido da oposição, caiu de 60 para 20 deputados, enquanto o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) mantém a representação parlamentar, mas viu o total de deputados cair de seis para quatro.
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