A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, negou, esta quinta-feira, as alegações de que houve interferência de Moscovo nas eleições presidenciais romenas e acusou o Ocidente, considerando tratar-se de uma "explosão sem precedentes de histeria antirrussa".
Em causa está o facto de o candidato ultranacionalista e pró-russo Calin Georgescu ter vencido a primeira volta das eleições presidenciais da Roménia, realizadas a 24 de novembro, com 23% dos votos, apesar de ter começado com apenas 6% nas intenções de voto. A sua campanha centrou-se nas redes sociais, especialmente no TikTok, onde os seguidores e o número de reproduções das suas mensagens dispararam em poucos dias.
"De facto, a campanha para as eleições presidenciais romenas, cuja segunda volta terá lugar a 8 de dezembro, é acompanhada por uma explosão sem precedentes de histeria antirrussa", disse Zakharova, citada pela agência de notícias russa TASS.
"Por trás, há um desejo de influenciar a consciência e a vontade dos cidadãos do país. Cada vez mais se ouvem acusações absurdas da boca de políticos, funcionários e representantes dos media locais", sublinhou o diplomata.
A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros defendeu, ainda, que a "Rússia, ao contrário do Ocidente, adere sistematicamente a uma linha de princípio sobre a inadmissibilidade de interferência nos assuntos internos de outros Estados sob qualquer pretexto".
"Pedimos que deixem de envolver o nosso país em jogos em que não temos qualquer relação ou interesse, e que deixem de inflacionar a 'ameaça russa' para manipular a consciência pública, especialmente quando se trata de um momento delicado - as eleições presidenciais", atirou.
Georgescu, que é muito crítico em relação à NATO e à União Europeia, de que a Roménia é membro, vai disputar a segunda e última volta das eleições presidenciais no domingo contra Elena Lasconi, pró-europeia de direita.
Na quarta-feira, o Serviço de Informações romeno (SRI) confirmou que a campanha presidencial de Georgescu foi apoiada por uma estratégia de interferência com um "modo de funcionamento de um ator estatal", que não mencionou.
Já esta quinta-feira, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, acusou também a Rússia de interferência na primeira volta das eleições. "As autoridades romenas estão a descobrir um esforço russo em grande escala e bem financiado para influenciar a recente eleição presidencial", disse Blinken numa reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) na capital maltesa, Valeta.
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