Calin Georgescu, o candidato ultranacionalista e pró-russo que venceu a primeira volta das eleições presidenciais romenas, no passado dia 24 de novembro, garantiu, esta quinta-feira, que, caso venha a ser eleito, irá acabar com o apoio à Ucrânia.
Em entrevista à BBC, o candidato, que fez uma campanha centrada nas redes sociais, especialmente no TikTok, afirmou que o "povo romeno" será a sua prioridade, numa altura em que os resultados das eleições estão a ser contestados por alegada interferência russa.
"Eles estão com medo", disse Georgescu. "Não podem aceitar que o povo romeno tenha finalmente dito: 'queremos a nossa vida de volta, o nosso país, a nossa dignidade'".
Sobre a guerra na Ucrânia, o candidato frisou que a Roménia está interessada em promover a paz na sua fronteira, mas recusou afirmar se esta deveria ser feita nos termos de Kyiv ou de Moscovo.
Quando questionado se iria apoiar a Ucrânia "durante o tempo que for necessário" como a União Europeia (UE), da qual a Roménia faz parte, Georgescu foi taxativo: "Não".
"Concordo apenas com o facto de ter de cuidar do meu povo. Não quero envolver o meu povo", disse. "Zero. Tudo pára. Tenho de me preocupar apenas com o meu povo. Nós próprios temos muitos problemas".
Em julho, os presidentes da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e da Roménia, Klaus Iohannis, assinaram em Washington um acordo bilateral de segurança que se centra no reforço das capacidades ucranianas para se defenderem da invasão russa.
De acordo com o documento, Bucareste continuaria a apoiar a Ucrânia em matéria de defesa durante o tempo que fosse necessário.
Calin Georgescu começou com apenas 6% das intenções de voto, venceu a primeira volta das eleições presidenciais com 23% com uma campanha centrada nas redes sociais, onde os seguidores e o número de reproduções das suas mensagens dispararam em poucos dias.
O Serviço de Informações romeno (SRI) confirmou, na quarta-feira, que a campanha presidencial de Georgescu foi apoiada por uma estratégia de interferência com um "modo de funcionamento de um ator estatal", que não mencionou.
Georgescu, que é muito crítico em relação à NATO e à União Europeia, de que a Roménia é membro, vai disputar a segunda e última volta das eleições presidenciais no domingo contra Elena Lasconi, pró-europeia de direita.
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