Em conferência de imprensa hoje realizada, o primeiro-ministro, Irakli Kobakhidzé, acusado de tendência autocrática pró-Rússia, garantiu que "fará tudo o que for necessário para erradicar completamente o liberal-fascismo".
Kobakhidze, que tem ordenado às forças de segurança o uso de violência para reprimir o protesto -- que garante, sem apresentar provas, que é financiado externamente para criar uma revolução no país - já mandou deter três líderes da oposição.
"Este tipo de financiamento alimentou o radicalismo na Geórgia, intensificou a polarização e, o que é mais alarmante, gerou o fascismo-liberal", insistiu Irakli Kobakhidzé, que acusa regularmente as organizações não-governamentais (ONG) de serem agentes de influência que lutam contra o poder.
O chefe do Governo atacou ainda o líder da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, que condenou na quarta-feira a "violência injustificada" do poder na Geórgia, dizendo esperar uma mudança de posição com a chegada ao comando do Presidente eleito, Donald Trump, em janeiro.
"Espero que depois de 20 de janeiro não vejamos mais estas invenções nas declarações norte-americanas", disse o líder georgiano.
O país caucasiano atravessa uma grave crise política desde as eleições legislativas de 26 de outubro, cuja vitória foi atribuída ao partido no poder, o "Sonho Georgiano", mas que foram alvo de várias acusações de fraude pela oposição, pela Presidente e pelos observadores internacionais.
Manifestações cada vez mais participadas têm-se repetido diariamente, sobretudo desde 28 de novembro, dia em que o Governo anunciou o adiamento até 2028 das negociações para adesão à União Europeia (UE), ambição que tem orientado os governos do país nas últimas décadas.
A decisão de aderir à UE foi mesmo incorporada na Constituição, mas a Geórgia não deixa de ser uma antiga república soviética onde 20% do território é controlado 'de facto' pela Rússia.
Na noite de quarta-feira, milhares de manifestantes pró-UE voltaram a reunir-se frente ao parlamento, na capital, Tbilissi, para uma sétima noite de protestos.
Nas seis noites anteriores, os manifestantes foram dispersos pela polícia com recurso a canhões de água e gás lacrimogéneo, e quase 300 pessoas foram detidas.
A multidão parecia mais esparsa na noite passada em comparação com os dias anteriores, embora o número de manifestantes continuasse a ser significativo para este país de cerca de quatro milhões de habitantes.
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