Eleições EUA. Custo de vida no topo da "lista de tarefas" de Kamala
A seis dias das eleições presidenciais nos Estados Unidos, Kamala Harris comprometeu-se na Carolina do Norte a fazer da redução do custo de vida prioridade principal, caso derrote Donald Trump, que tem usado a inflação para atacar a democrata.
© REUTERS/Kevin Mohatt
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A Carolina do Norte foi o estado onde nas últimas eleições Donald Trump ganhou por uma margem mais estreita, tendo perdido pontos em relação a 2016. E é neste estado que repousam muitas das esperanças democratas de evitar um regresso do republicano à Casa Branca.
Perante um anfiteatro lotado, Harris repetiu em grande parte as ideias do comício da véspera em Washington DC, reforçando a mensagem de que Trump é instável e "obcecado com a vingança e à procura de poder sem limites". E, perante uma audiência entusiástica, contrastou o que seria a "lista de inimigos" com que o republicano voltaria à presidência, com a sua "lista de coisas a fazer pelo povo americano".
"No topo da minha lista está baixar o vosso custo de vida", disse a candidata democrata sobre o contraste com as prioridades de Trump na Casa Branca.
Com o republicano a apostar no tema do aumento do custo de vida, a atual vice-presidente prometeu ainda, desde o início da sua presidência, um corte de impostos da classe média que abranja 100 milhões de pessoas, além de medidas para baixar o preço da gasolina e da habitação.
Num estado onde o aborto é ilegal a partir das 12 semanas, Kamala voltou a levantar a bandeira da "liberdade reprodutiva" e acusou o seu adversário de querer fazer alterações ao acesso aos cuidados de saúde que "deixariam milhões de americanos sem seguro de saúde".
"Mas não vamos voltar para trás", exclamou Harris, recorrendo a um dos seus lemas de campanha, depois de ter defendido uma mudança geracional na política norte-americana, numa corrida com um adversário 18 anos mais velho.
"Esta é a oportunidade para virar a página a uma década de Donald Trump", afirmou.
Ao som de "hits" musicais fortemente ritmados, e com algumas coreografias à mistura, algumas pessoas esperaram animadamente durante até quatro horas, e com alguma impaciência, pelo início da intervenção de Harris.
Como tem sido habitual em comícios da candidata democrata, entre o público estavam manifestantes infiltrados, que a tentaram interromper.
Um deles, brandindo um lenço com as cores da bandeira da Palestina junto à zona da comunicação social e gritando palavras de ordem contra o apoio norte-americano a Israel, foi levado pela polícia para fora da arena.
O comício em Raleigh foi uma oportunidade também para reforçar o ativismo de campanha na reta final da corrida. Dezenas de grupos de voluntários, sobretudo jovens, abordaram os apoiantes da vice-presidente para tentar alistá-los nos esforços de contacto telefónico e porta-a-porta com eleitores indecisos.
Com a votação antecipada no estado a terminar no próximo fim de semana, a mensagem de apelo ao voto foi sendo reiterada pelos diversos responsáveis democratas a nível estadual e no Congresso que foram passando pelo palco. Outra tónica dominante foi o perigo do regresso de Trump à Casa Branca.
As eleições entram na reta final com Trump e Harris praticamente empatados nas sondagens em estados como a Carolina do Norte, Georgia e Pensilvânia, onde uma vitória fará a diferença em termos de maioria do colégio eleitoral. Foi com vitórias neste estado que Trump conseguiu derrotar Hillary Clinton em 2016, apesar de a democrata ter sido mais votada no total nacional.
Antes de subir ao palco, Kamala Harris recebeu uma boa notícia: uma declaração de apoio do principal jornal da Carolina do Norte, o News and Observer. Nestas eleições, alguns jornais influentes e que apoiaram candidatos democratas nas últimas eleições, como o Los Angeles Times e o The Washington Post, anunciaram esta semana que não apoiarão qualquer candidato.
"De acordo com a maioria dos cálculos, Trump não pode vencer a presidência a menos que vença o estado decisivo da Carolina do Norte. Por outro lado, Harris pode bloquear o seu caminho para a Casa Branca colocando a Carolina do Norte no seu eixo", escreve o jornal no seu editorial de hoje.
Também hoje, o seu rival republicano estará em campanha neste estado, depois de ter percorrido outros dos estados críticos para a eleição.
Harris visita ainda hoje dois outros estados, tendo feito uma intervenção de pouco mais de 20 minutos, mas reservado tempo para descer do palco e cumprimentar apoiantes junto às primeiras filas, causando furor entre centenas de pessoas que furaram barreiras de segurança para apertar a mão ou tirar uma 'selfie' com a candidata.
"Ela é tão linda!", exclamava uma adolescente para a mãe e irmã, visivelmente emocionada depois de ter apertado a mão de Harris.
Na terça-feira, Trump negou que o seu comício de Nova Iorque tenha disseminado ódio - apesar de um dos animadores contratados ter qualificado Porto Rico, território norte-americano nas Caraíbas, de "ilha de lixo", indignando muitos eleitores latino-americanos.
Numa das suas habituais negações, o republicano qualificou o comício de "festival de amor".
Em Raleigh, um dos momentos de maior animação antes da chegada de Harris foi a passagem de dois apoiantes de Harris com uma enorme bandeira de Porto Rico.
"Isto sim foi um festival de amor", rejubilava uma apoiante de Harris ao abandonar o recinto.
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