EUA. Especialistas estão preocupados com violência política pós-eleitoral
Especialistas em violência política expressaram hoje a sua preocupação com os dias a seguir às próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para 05 de novembro, frisando que há uma tendência para normalizar a retórica violenta na última década.
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"Não estou preocupada com a violência no dia das eleições. As pessoas não devem ter medo de ir votar. Tudo decorrerá pacificamente. Estou preocupada com os dias a seguir à eleição, que não terá resultados de forma imediata", disse Rachel Kleinfeld, curadora da Freedom House, organização sem fins lucrativos com sede em Washington.
A seis dias do escrutínio, Kleinfeld participou ao lado de Nicole Sedaca, presidente da Freedom House, num debate 'online', em que a agência Lusa participou, sobre como os Estados Unidos da América (EUA) poderão inverter a tendência de avanço da violência política.
A curadora da Freedom House lembrou que, perante a perspetiva de umas eleições presidenciais muito concorridas e muito renhidas -- com alguns estados, como Pensilvânia e Wisconsin, a contarem apenas os votos por correspondência a partir de 05 de novembro, dia da votação presencial das eleições --, os resultados apenas serão conhecidos dias ou semanas depois.
"O que vai acontecer nessa altura não sabemos. Mas ficam criadas as condições para um ambiente de violência política, durante essa espera", referiu Rachel Kleinfeld.
Por sua vez, Nicole Sedaca defendeu que, durante essa espera, vai ser muito importante o comportamento dos líderes políticos, em particular dos candidatos presidenciais, a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump.
"Devemos estar atentos à retórica dos líderes. Eles têm um papel importante na perceção que as pessoas têm sobre o que está a acontecer", frisou Sedaca.
As duas especialistas -- que recentemente publicaram um artigo sobre a emergência política nos Estados Unidos, na revista Journal of Democracy -- concordaram que é importante que os líderes políticos não inflamem o ambiente e procurem conter os focos de insatisfação que, inevitavelmente, os resultados eleitorais trarão para alguns setores da sociedade norte-americana.
"Estou preocupada com a pressão a que está sujeita a nossa eleição presidencial. E é claro que ela aumentou em muitos lugares", reconheceu Sedaca.
Para estas duas especialistas, há algumas regras que podem ser respeitadas, quando o objetivo é diminuir os níveis de violência política.
A primeira dessas regras é colocar os líderes políticos a procurarem impedir a expansão de violência política em grupos organizados, em particular em associações e partidos políticos.
A segunda regra é apoiar efetivamente o Estado de direito, mesmo que em países como os EUA essa prática esteja perfeitamente instituída.
Para estas especialistas, é igualmente relevante colocar as comunidades a participar ativamente na vida política, usando as suas redes de proximidade para evitar atuações radicais de elementos que procuram desestabilizar os processos políticos.
"A violência política é uma ameaça real à democracia norte-americana", concluiu Kleinfeld, admitindo que, apesar de tudo, nos últimos dois anos houve alguma desinflação no ambiente de tensão política nos Estados Unidos, com o enfraquecimento de grupos extremistas, em particular de direita, como o caso do grupo Proud Boys, identificado como próximo de Donald Trump.
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