Puigdemont dá como certo que será detido quando regressar a Espanha
O ex-presidente catalão Carles Puigdemont deu hoje como certo que será detido quando regressar a Espanha, o que prometeu fazer quando, "dentro de poucos dias", tiver lugar o debate de investidura no parlamento.
© REUTERS/Yves Herman
Mundo Puigdemont
"Se eles conseguirem, imagino o que me espera e sei o que tenho de fazer", afirmou Puigdemont, que reside na Bélgica, numa carta de três páginas publicada na rede social X (antigo Twitter).
O antigo presidente da Catalunha assume que, se for detido - tem um mandado de captura nacional, depois de não lhe ter sido aplicada a amnistia pelo crime de peculato -, a sua estada na prisão poderá ser longa.
"Sei que o meu regresso pode levar à detenção e à prisão, sabe-se lá por quanto tempo", diz Puigdemont, que garante que não se deixará usar como "objeto de negociação" ou que a sua eventual prisão servirá para "pagar qualquer decisão política que implique a desistência da luta" pela independência da Catalunha.
Puigdemont salienta que o facto "relevante" se for detido será "a prova de que em Espanha as amnistias não amnistiam, que há juízes dispostos a desobedecer à lei e que o Governo espanhol olha para ela com a indolência dos resignados".
"Quem pensa que isto não terá consequências está enganado. Ver-me preso é o sonho frustrado dos perseguidores espanhóis há sete anos. Para isso, terão de violar muitas coisas", continua, antes de considerar que esta "atitude antidemocrática e iliberal do aparelho de Estado não é inconsequente" para a causa da independência.
Aquests dies, en previsió de la decisió que ERC va prendre ahir, he estat preparant una carta per fer pública després de conèixer els resultats de la consulta a la militància. Espero que en dispenseu la llargada i que tingueu interès i paciència per llegir-la sense pressa. pic.twitter.com/EiqnV2WOOZ
— krls.eth / Carles Puigdemont (@KRLS) August 3, 2024
O antigo presidente, líder da Junts, denuncia ter sido objeto de "um golpe de Estado híbrido", em que "os poderes do Estado usaram um nível de violência política incompatível com a democracia".
Ao mesmo tempo assegura que defenderá a independência "sem qualquer renúncia", ou seja, através de "negociação bilateral quando as condições estiverem reunidas" ou com "ação unilateral quando for a única alternativa ao alcance".
Puigdemont afirma ainda que, se a amnistia não lhe for aplicada, é porque os juízes "não cumprem" a lei, que tem uma redação que "fecha a porta a interpretações perversas", pelo que acusa a magistratura de estar "em rebelião contra as instituições democráticas".
A carta surge um dia depois de as bases da Esquerda Republicana da Catalunha (em catalão: Esquerra Republicana de Catalunya, ERC) terem votado, com 53,5% de apoio, no socialista Salvador Illa para presidente, uma decisão que "torna a detenção uma possibilidade real dentro de alguns dias", segundo Puigdemont.
O ex-presidente catalão acusa a ERC de ter empreendido "campanhas de difamação" contra ele nos últimos anos e garante que um executivo presidido por Illa seria "um Governo de caráter espanholista", "alérgico à normalização total da língua catalã e que não terá qualquer capacidade real de negociação com o Governo espanhol para resolver um conflito histórico".
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