Sudão. TPI "extremamente preocupado" com situação no Darfur
O procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) afirmou hoje estar "extremamente preocupado" com a violência em curso no Darfur, no sudoeste do Sudão, e apelou às testemunhas para que enviem as provas que lhe permitam investigar toda a situação.
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Mundo Sudão
"Estou extremamente preocupado com as alegações de crimes em grande escala (...) que estão a ser cometidos em el-Facher e nas áreas vizinhas", afirmou o Procurador Karim Khan num comunicado.
As provas já recolhidas "parecem mostrar alegações credíveis, repetidas e crescentes de ataques contra a população civil", continuou.
Desde abril de 2023, o Sudão é palco de uma guerra que opõe o exército, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhane, às Forças de Apoio Rápido (FAR) paramilitares do general Mohamed Hamdane Daglo.
A única capital dos cinco Estados do Darfur que escapou ao controlo das RSF, a cidade de el-Facher esteve durante muito tempo relativamente intocada pelos combates. Mas, desde 10 de maio, tem sido palco de intensos confrontos, que causaram a morte de pelo menos 192 pessoas e mais de 1.230 feridos, segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).
O único hospital em funcionamento em el-Facher fechou as portas no sábado, depois de ter sido invadido por paramilitares que tentavam tomar a cidade, informou hoje a MSF.
De acordo com o procurador, existem também provas do "uso generalizado da violação e de outras formas de violência sexual", bem como de ataques a instalações de saúde.
"É uma vergonha permitir que a história se repita mais uma vez no Darfur", afirmou. "Não podemos e não devemos permitir que Darfur se torne, mais uma vez, o lugar onde as atrocidades são esquecidas pelo mundo".
"Pedimos-vos que nos enviem todas as informações úteis através da nossa plataforma dedicada e segura, a OTP Link", instou.
O conflito no Sudão já custou dezenas de milhares de vidas. Em el-Geneina, a capital do Darfur Ocidental, foram mortas entre 10.000 e 15.000 pessoas, segundo as Nações Unidas(ONU), e quase nove milhões de pessoas foram deslocadas devido à violência.
Ambas as partes foram acusadas de crimes de guerra, incluindo o ataque a civis, o bombardeamento indiscriminado de zonas residenciais, a pilhagem e o bloqueio da ajuda humanitária. Os paramilitares são especificamente acusados de limpeza étnica e de crimes contra a humanidade.
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