As primeiras projeções da noite confirmaram as estimativas das sondagens, atribuindo à União Nacional (Rassemblement National, RN na sigla francesa), formação de extrema-direita, 31,5% dos votos, quase um terço do total.
Este resultado representa mais do dobro dos votos previstos para o Renascimento (Renaissance, RE), o partido do Presidente Emmanuel Macron (15,2%), e mais do que o segundo e terceiro partido mais votados.
O Partido Socialista francês, liderado neste escrutínio por Raphaël Glucksmann, deverá ficar-se pelos 14% dos votos, segundo as projeções.
O líder da RN, Jordan Bardella, foi recebido como uma estrela no Pavilhão Chesnay du Roy, leste de Paris, por uma audiência sobretudo jovem, emocionando uma militante mais idosa que testemunhava o momento, segundo testemunhou a agência Lusa.
"Esta noite, os nossos compatriotas expressaram um desejo de mudança, mas também um caminho para o futuro", afirmou, desafiando "solenemente" Macron a dissolver o parlamento.
Na sala, a maioria dos militantes mostrou-se cética a esta hipótese, mas Marine Le Pen, dirigente histórica do partido, decidiu atrasar a intervenção perante a iminência de uma comunicação presidencial.
A euforia voltou cerca de uma hora depois, quando o Presidente francês anunciou a dissolução da Assembleia Nacional e a antecipação de eleições legislativas.
"A guerra acabou", exclamou Jean à agência Lusa, referindo-se ao conflito na Ucrânia, no qual tinha receio que os franceses fossem envolvidos por força do crescente envio de armas por Macron para a defesa do regime de Kiev.
Para este militante, a posição assumida por Macron "é muito perigosa", uma vez que "a Rússia é mais forte e a guerra só se pode resolver pelo diálogo", defendeu, ainda incrédulo com o anúncio do chefe de Estado.
"Vai mudar tudo. Estou contente", confessou.
Nicolas, um funcionário público que avisou que não poderia dar o apelido por recear repercussões, também se manifestou satisfeito com a dissolução.
"Penso que é uma decisão que se impunha depois da humilhação que sofreu esta noite. É preciso dar a palavra aos franceses", justificou.
Para este militante, um governo da RN vai "pôr fim a esta vaga migratória, à insegurança nacional e a uma guerra que não é nossa".
Numa intervenção esta noite, Marine Le Pen recordou que, ao aproximar-se dos 32%, este é o melhor resultado de sempre do partido fundado pelo pai, Jean-Marie Le Pen, em 1972 com o nome de Frente Nacional (Front National).
"Estas eleições europeias confirmam o nosso movimento como a grande força alternativa em França. Estamos prontos a exercer o poder, se os franceses nos derem a confiança nas futuras eleições legislativas", disse.
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