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Eleições na Índia acabam sábado com provável, mas renhida reeleição do PM

A 'mãe' de todas as eleições, como já foi apelidado o colossal ato eleitoral na Índia, termina sábado com a realização da sétima e última fase, decorrendo a contagem dos votos três dias depois.

Eleições na Índia acabam sábado com provável, mas renhida reeleição do PM
Notícias ao Minuto

09:27 - 30/05/24 por Lusa

Mundo Índia

A 19 de abril, os quase 970 milhões de eleitores do país começaram a escolher os membros do Lok Sabha, a câmara baixa do parlamento, enquanto decorria a campanha eleitoral sob recordes de calor e muitas acusações ao primeiro-ministro, favorito para conseguir um terceiro mandato, de "islamofobia" ou "jihad de votos".

Enquanto a oposição acusa o Partido hindu-nacionalista Bharatiya Janata (BJP) de utilizar uma linguagem negativa para descrever os 200 milhões de muçulmanos do país, Narendra Modi tem refutado qualquer descriminação de minorias.

A reeleição de Modi parece certa, mas não tão fácil como era esperado, já há algumas surpresas, como informou Chietigj Bajpaee, investigador sénior para a Ásia do Sul, Programa Ásia-Pacífico do grupo de reflexão Chatham House, num artigo publicado quarta-feira.

A afluência às urnas foi inferior ao previsto e que foi justificada "desde o tempo quente à apatia dos eleitores, embora ainda não seja claro se isso funcionará a favor da oposição ou do BJP", segundo o especialista, que também já notou como a ideologia nacionalista hindu do BJP não teve eco particularmente no sul, onde o partido não controla nenhum dos cinco governos estaduais.

No mesmo artigo, Bajpaee enumerou algumas irregularidades na divulgação das informações, como atrasos na divulgação dos dados e uma diferença nas percentagens de votação entre os números provisórios divulgados no dia das eleições e os números oficiais finais de participação.

"Registaram-se também casos esporádicos de violência, intimidação, corrupção e desinformação relacionadas com as eleições - muita da qual foi disseminada através das redes sociais", escreveu o investigador, garantindo, porém, que "a democracia indiana permanece em grande parte intacta, pelo menos a nível processual".

"O poder judicial indiano também afirmou a sua independência durante o ciclo eleitoral", considerou.

Num evento da Chatam House esta semana, Kanwal Sibal, antigo secretário da Índia, notou como o chefe do Executivo não se tem retraído em apresentar-se como hindu, o que se reflete na política externa que tem levado a cabo.

O embaixador notou como o crescimento económico indiano tem aberto mais opções de alianças e como Modi tem somado viagens ao estrangeiro, concretizado encontros com líderes globais e regionais, além de "afirmar as marcas civilizacionais da Índia", designadamente na atual presidência do G20.

Na mesma iniciativa, a jornalista do jornal Hindu Suhasini Haidar destacou a afirmação da autonomia estratégica por parte de Modi, que tem destacado as suas intervenções na mediação de conflito como da Ucrânia e da Faixa de Gaza.

Mas os analistas refreiram como campanha é marcada pelas questões económicas, como o desemprego ou a inflação, com Pavithra Suryanarayan, professora da London School of Economics and Political Science, a enumerar ainda o foco nas "dificuldades rurais".

Esta professora caracterizou a Índia como uma "democracia federal", apelando às contas finais de 04 de junho porque poderá haver surpresas nestas eleições, palco de "muitas lutas em cada Estado".

À pergunta sobre se o reforço do poder de Modi pode transformar a Índia numa democracia iliberal ou numa autocracia, Pavithra Suryanarayan considerou haver "sinais alarmantes que não devem ser desconsiderados" como o "uso de musculo" em relação à oposição, imprensa ou instituições.

A jornalista Suhasini Haidar garantiu que o seu país não é exceção no "momento difícil que a imprensa vive, como em outros países", nomeadamente com políticos a "denegrir" o papel da comunicação social, ou a fazer perseguições, indicando ainda áreas para um declínio democrático na cena internacional, como padrões diferentes aplicados ao Estado de Direito quandoestá em causa o conflito em Gaza u na Ucrânia.

Haidar destacou também o encerramento de ONG internacionais nos últimos 10 anos na Índia.

Por seu lado, o embaixador Kanwal Sibal argumentou que a imprensa tem feito eco das declarações da imprensa, assim como questionou a fiabilidade de alguns relatórios que "mostram Myanmar (antiga Birmânia) à frente da Índia na liberdade de imprensa" e defendeu cuidados em termos de financiamento estrangeiro de organizações não governamentais.

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