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AI denuncia tortura de membros do Estado Islâmico em centros de detenção

A organização Amnistia Internacional afirmou hoje ter documentado abusos generalizados, incluindo tortura e privação de cuidados médicos, em centros de detenção onde estão milhares de alegados membros do Estado Islâmico e seus familiares no nordeste da Síria.

AI denuncia tortura de membros do Estado Islâmico em centros de detenção
Notícias ao Minuto

16:47 - 17/04/24 por Lusa

Mundo Estado Islâmico

Os centros e campos abrigam cerca de 56 mil pessoas -- a maioria das quais crianças e adolescentes -- e são administrados por autoridades locais afiliadas às Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos EUA e lideradas pelos curdos.

As FDS e os seus aliados, incluindo as forças da coligação liderada pelos EUA, derrotaram o grupo Estado Islâmico (EI) na Síria em 2019, pondo fim ao autoproclamado "califado" islâmico, que governava uma grande faixa de território abrangendo o Iraque e a Síria.

"As pessoas detidas neste sistema enfrentam violações dos seus direitos em larga escala, algumas das quais equivalem a crimes de guerra", avançou a conselheira sénior de crise da Amnistia Internacional, Nicolette Waldman, aos jornalistas.

Os Estados Unidos também são responsáveis pelas alegadas violações porque desempenharam um papel fundamental no estabelecimento e manutenção do sistema de detenção, fornecendo centenas de milhões de dólares às FDS e às forças afiliadas e interrogando regularmente os detidos, disse Waldman.

O relatório da Amnistia afirma que a grande maioria dos detidos está retida "indefinidamente, sem acusação ou julgamento, em violação do direito internacional dos direitos humanos e do direito humanitário internacional".

Além disso, acrescenta a organização de defensa dos direitos humanos, os já julgados foram, em muitos casos, condenados com base em confissões extraídas sob tortura.

Os alegados abusos incluem "espancamentos, manutenção de posições exaustivas, afogamentos, choques elétricos e violência de género", incluindo um detido do sexo masculino que disse ter sido, em conjunto com outros detidos, sodomizado com vassouras pelos guardas, refere o relatório.

Os detidos também foram privados de comida, água e cuidados médicos e submetidos a frio e calor extremos em celas superlotadas, tendo alguns, alegadamente, morrido sufocados, adianta o documento.

O relatório acrescenta que muitas das cerca de 14.500 mulheres e 30.000 crianças detidas foram vítimas de tráfico de seres humanos, incluindo mulheres que foram forçadas a casar com combatentes do EI e menores que foram recrutados à força pelo grupo.

A Amnistia Internacional critica ainda a prática de separar à força rapazes adolescentes -- alguns com apenas 11 ou 12 anos -- das suas mães e colocá-los em centros de reabilitação indefinidamente.

A organização apelou às autoridades locais, aos Estados Unidos e a outros aliados para que tornem o sistema de detenção compatível com o direito internacional e instou a ONU a estabelecer um processo de triagem para libertar todos os que não sejam "razoavelmente suspeitos" de terem cometido um crime sério.

As Autoridades Autónomas da Região Norte e Leste da Síria e a administração civil afiliada às FDS responderam às conclusões da Amnistia garantindo que não tinham recebido quaisquer queixas oficiais sobre tortura em centros de detenção e que "se isso aconteceu, foram atos individuais".

As autoridades asseguraram mesmo que tomarão medidas contra os responsáveis que cometeram violações se forem fornecidas provas.

Embora tenham reconhecido que as instalações estejam sobrelotadas -- o que atribuiu à falta de recursos financeiros para garantir centros maiores -, as autoridades sírias negaram todas as alegações de que os presos sejam privados de comida, água ou cuidados médicos.

Leia Também: Amnistia Internacional denuncia escalada de perseguição de civis na Venezuela

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