Dina Boluarte reagiu às acusações, horas depois das buscas no âmbito dessa investigação por suspeita de corrupção e enriquecimento ilícito, afirmando-se vítima de una campanha de "assédio sistemático" por parte da imprensa, que acusou de difundir notícias "tendenciosas e falsas" sobre o seu património.

A deputada Margot Palacios, do Peru Libre, anunciou na rede social X (ex-Twitter) que o seu grupo parlamentar tinha entregado ao chefe de gabinete do Congresso da República a moção para a destituição da chefe de Estado, com a assinatura de 26 deputados dos 130 que compõem a câmara.

"Acabámos de apresentar a moção de impugnação [impeachment] contra Dina Boluarte, por incapacidade moral permanente", por não ter declarado a posse dos relógios "Rolex e das joias, no exercício da função parlamentar de controlo político", disse Palacios.

A maioria dos congressistas pertence ao Peru Libre e a outros partidos de esquerda, como o Cambio Democrático - Juntos por el Perú, de Roberto Sánchez Palomino, e o Bloque Magisterial, uma cisão do Perú Libre, de Pasión Dávila.

Raúl Doroteo, do partido de direita Acción Popular, também assinou.

O documento acrescenta que "o caso grave" dos relógios e joias de luxo que Boluarte alegadamente não declarou ao Júri Nacional de Eleições (JNE) é "uma violação dos princípios éticos e morais de alguém que ocupa o mais alto cargo do país" e que a sua conduta "viola princípios éticos fundamentais como a honestidade e a transparência".

Diz também que, até à data, nem a chefe de Estado nem o Governo "esclareceram a origem de cerca de três relógios Rolex que a imprensa conseguiu captar no braço da Presidente" em diferentes aparições oficiais.

"A conduta da Sr.ª Dina E. Boluarte Zegarra representa um ato muito grave e razão suficiente para declarar a sua impugnação", tendo em conta que "constitui uma violação" de artigos específicos da Constituição Política do Peru (38.º, 102.º e 118.º), relativos aos deveres com a pátria, obrigações do mandato e duração do mandato presidencial, afirma a moção de destituição.

À meia-noite de sexta-feira, uma equipa de procuradores e polícias entrou em casa da Presidente do Peru e no Palácio do Governo, no âmbito de uma investigação preliminar aberta em 18 de março contra a chefe de Estado, por alegadamente ter cometido o crime de enriquecimento ilícito ao não declarar os relógios de luxo.

O escândalo dos relógios de luxo eclodiu depois de um 'site' de notícias local, La Encerrona, ter publicado uma série de fotos, em 15 de março, mostrando Boluarte a ostentar diferentes relógios, em diferentes momentos, enquanto estava no Governo, em 2021 e 2022.

Após a reportagem, Dina Boluarte garantiu que estava com as "mãos limpas" e só possuía um relógio antigo, comprado com as suas poupanças.

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