Na véspera do aniversário da pior catástrofe ferroviária da Grécia, dezenas de estudantes, vítimas e familiares juntaram-se no local da colisão entre um comboio de passageiros e um comboio de mercadorias, a norte da cidade de Larissa. No total, morreram 57 pessoas, a maioria estudantes.
Segundo a agência de notícias Reuters, o protesto teve como objetivo manifestarem-se contra a falta de investimento na melhoria da ferrovia. Um ano depois do acidente, que ocorreu a 1 de março de 2023, ainda não foram implementados os regulamentos da União Europeia (UE) e o número de funcionários diminuiu.
Maria Karistianou, que perdeu a filha de 20 anos no acidente, esteve presente no protesto e afirmou que os políticos deviam assumir a responsabilidade. "O Estado continua a brincar com a nossa dor, com o nosso luto, e prejudica toda a sociedade", lamentou à Reuters.
Já Stavroula Kapsali, uma sobrevivente, contou que "tudo mudou" na sua vida devido a stress pós-traumático: não consegue dormir, está constantemente assustada e desde então que não anda de comboio.
"Como é possível não prestar atenção aos sistemas que garantem a segurança dos passageiros? Sinto que deixei um pedaço de mim lá dentro... O fardo é enorme", disse.
Praticamente um ano depois, especialistas em acidentes e funcionários ferroviários dizem que pouco foi feito para melhorar significativamente a segurança dos comboios.
"Não aprendemos a lição e não atuámos", disse Costas Lakafossis, um investigador de acidentes contratados pelos familiares das vítimas. "Infelizmente, a ferrovia não está num estado melhor".
No entanto, Panaiotis Terezakis, diretor da Organização dos Caminhos-de-Ferro Helénicos (OSE) garante que a ferrovia é segura, garantindo que foram instaladas 300 câmaras de infravermelhos nos túneis desde o acidente e que foram feitos progressos na instalação de sistemas de segurança, conta a Reuters.
"Este é um sistema ferroviário que, nos últimos 15 anos, tem estado em declínio. Não é possível ressuscitá-lo num ano", acrescentou.
Na altura, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, assumiu a responsabilidade política pelo acidente e reconheceu que não havia medidas de segurança no troço onde ocorreu o desastre que o pudessem ter evitado.
Até agora, quatro funcionários da empresa ferroviária estatal OSE foram acusados, incluindo um chefe de estação que admitiu ao Ministério Público que colocou o comboio de passageiros na mesma via que um comboio de mercadorias que vinha na direção oposta.
Leia Também: Grécia indignada com desfile em frente aos frisos do Pártenon em Londres