Bebé palestiniano de dois meses morre de fome no norte de Gaza

A ONU deu o alerta para uma "explosão" de mortes de crianças devido à falta de alimentos e de água.

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© Ashraf Amra/Anadolu via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
25/02/2024 11:39 ‧ 25/02/2024 por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo

Israel/Palestina

Um bebé palestiniano, de apenas dois meses, morreu de fome no norte de Gaza, dias depois de a Organização das Nações Unidas (ONU) ter alertado para uma "explosão" de mortes de crianças devido ao conflito armado no enclave.

Segundo a agência de notícias Shehab, Mahmoud Fattouh morreu no Hospital al-Shifa, na cidade de Gaza, na sexta-feira, reporta a Al Jazeera.

O menor estava muito magro, sem forças, a suster a respiração numa cama de hospital.

Segundo um dos paramédicos que levou o menino para o hospital, Mahmoud morreu de desnutrição aguda.

"Vimos uma mulher com o seu bebé ao colo, a gritar por socorro. O seu bebé pálido parecia estar a dar o último suspiro. Levámo-lo para o hospital e verificou-se que sofria de desnutrição aguda. O pessoal médico levou-o para a unidade de cuidados intensivos. O bebé não era alimentado com leite há dias, uma vez que o leite para bebés é totalmente inexistente em Gaza", revelou o profissional de saúde.

A morte de Mahmoud ocorreu num momento em que o governo israelita - que lançou o seu ataque a Gaza na sequência dos ataques dos combatentes do Hamas em outubro - continua a ignorar os apelos mundiais para que seja permitida a entrada de mais ajuda no enclave palestiniano.

A ONU afirma que cerca de 2,3 milhões de pessoas estão atualmente a morrer de fome em Gaza.

Pelo menos 90% das crianças com menos de cinco anos em Gaza são afetadas por uma ou mais doenças infeciosas, enquanto uma em cada seis crianças com menos de dois anos de idade na parte norte do território sofrem de subnutrição aguda.

"A Faixa de Gaza está prestes a assistir a uma explosão de mortes infantis evitáveis, o que agravaria o nível já insuportável de mortes de crianças em Gaza", afirmou Ted Chaiban, diretor executivo adjunto da UNICEF, num comunicado divulgado na semana passada.

"Há semanas que temos vindo a alertar para o facto de Gaza estar à beira de uma crise nutricional. Os problemas de saúde vão afetar as crianças de Gaza para o resto das suas vidas e terão potenciais consequências intergeracionais", afirmou ainda.

De recordar que Israel cortou todo o abastecimento de alimentos, água e combustível a Gaza no início da guerra, tendo aberto uma entrada para ajuda humanitária em dezembro.

Quando os bens essenciais chegam a Gaza, os trabalhadores humanitários não conseguem recolher os produtos ou distribuí-los devido à falta de segurança que se vive no enclave. Situação essa que é particularmente mais grave no norte da Faixa de Gaza, que está quase completamente sem ajuda desde o final de outubro.

Os médicos descreveram a situação como "para lá de catastrófica".

O diretor do Hospital Kamal Adwan, Hussam Abu Safiya, já tinha dito anteriormente que estava a assistir a "muitas" mortes de crianças, especialmente de recém-nascidos.

"Os sinais de fraqueza e palidez são visíveis nos recém-nascidos porque a mãe está malnutrida. Infelizmente, muitas crianças morreram nas últimas semanas... se não recebermos a ajuda adequada com urgência, estaremos a perder cada vez mais devido à desnutrição", disse Abu Safiya à Al Jazeera.

Mais de quatro meses de guerra conduziram a Faixa de Gaza à pior catástrofe humanitária da sua história e a níveis de destruição sem precedentes, com cerca de 80% das infraestruturas civis danificadas, incluindo casas, hospitais, escolas e instalações de água e saneamento, segundo dados da ONU.

O Programa das Nações Unidas para o Ambiente estima que serão necessários entre três e 12 anos para limpar apenas os escombros e os restos explosivos da guerra, e que serão necessárias dezenas de milhares de milhares de pessoas para limpar os escombros e os restos explosivos da guerra.

Mais de 29.600 habitantes de Gaza foram mortos e mais de 69.700 ficaram feridos em mais de quatro meses de guerra na Faixa de Gaza, que começou em 7 de outubro depois de um ataque do Hamas em solo israelita que deixou cerca de 1.200 mortos e 250 raptados.

Leia Também: Pelo menos 86 mortos na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas

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