Os serviços de inteligência russos implementaram "modos de funcionamento alternativos que mobilizam redes de 'proxy' [ferramentas que servem de intermediário entre o cibernauta e a internet] para realizar atos de interferência", indica uma nota da DGSI consultada hoje pela AFP.
Estas operações resultam em "ações subversivas" levadas a cabo por estes 'proxy', acrescenta a nota que cita como exemplo a "degradação de bens públicos ('graffiti'), a afixação de cartazes ou autocolantes e a distribuição de folhetos".
As mensagens difundidas desta forma "visam, em geral, aumentar as divergências internas da sociedade francesa", explorando todos os tipos de assuntos, como a "reforma das pensões" e "a tomada de posição no conflito israelo-palestiniano" até à "difamação dos Jogos Olímpicos de 2024", refere a DGSI.
As mensagens também podem ser usadas para "apoiar abertamente os interesses da Rússia" através de "críticas à política externa da França, dos Estados Unidos ou da NATO".
"Não está excluído" que "ações de natureza violenta" possam "também ser desenvolvidas", adianta a DGSI, referindo-se a "ameaças ou ataques físicos, em particular contra cidadãos ucranianos ou dissidentes russos".
A nota, assinada pela nova diretora de Segurança Interna, Céline Berthon, é dirigida aos diretores da polícia nacional e da unidade policial e militar, bem como ao principal responsável da polícia de Paris.
No "contexto geopolítico atual, e numa altura em que a França se prepara para acolher os Jogos Olímpicos", a DGSI pede às autoridades que "sensibilizem os serviços de segurança pública suscetíveis de serem necessários para lidar com este tipo de casos".
Os serviços secretos apelam ainda para que sejam comunicadas "sistematicamente" todas as ações desta natureza, citando "pequenos indícios" que devem ser alvo de alertas.
Estes atos são "geralmente cometidos por membros das comunidades de língua russa da Europa de Leste", detalha a DGSI, especificando que estas pessoas podem "estar temporariamente" em França ou estar "instaladas há muito tempo, legal ou ilegalmente".
No final de outubro passado, pouco depois do início do conflito entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, foram descobertas dezenas de estrelas de David azuis estampadas nas fachadas de edifícios em Paris e nos subúrbios que obrigou a França a condenar a "interferência digital russa".
Um casal moldavo foi preso e o alegado arquiteto da ação, um empresário moldavo pró-Rússia, foi identificado.
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