"Os Estados Unidos distinguiram-se mais uma vez por se oporem com o seu veto, tornando a situação em Gaza ainda mais perigosa. As partes envolvidas, incluindo a China, expressaram a sua forte deceção e insatisfação", disse durante um 'briefing' à imprensa, o porta-voz para a diplomacia chinesa, Mao Ning.
Os Estados Unidos vetaram na terça-feira um projeto de resolução proposto pela Argélia no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) que exigia um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza.
A resolução, que teve amplo apoio dos países árabes, recebeu 13 votos a favor, um voto contra (Estados Unidos) e uma abstenção (Reino Unido).
Trata-se da terceira vez que, desde o início da guerra, os Estados Unidos - um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e com poder de veto - bloqueiam uma resolução sobre Gaza.
A Faixa de Gaza está mergulhada numa situação humanitária catastrófica, na sequência dos ataques mortais israelitas.
Quase um milhão e meio de pessoas, segundo a ONU, estão concentradas na cidade de Rafah, localizada no sul do território palestiniano, junto à fronteira fechada com o Egito.
Foi neste contexto que os Estados Unidos vetaram o projeto de resolução proposto pela Argélia.
O veto norte-americano não apanhou o Conselho de Segurança da ONU de surpresa, uma vez que a embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield, já havia anunciado no domingo que iria votar contra o texto da Argélia, argumentando que a proposta apoiada pelos países árabes poderia interferir nas negociações em prol de um acordo pela libertação de todos os reféns detidos pelo movimento islamita palestiniano Hamas.
Estas negociações, especificou, estão a ser levadas a cabo pelo seu país, juntamente com o Egito e o Qatar, e incluem ainda uma pausa de seis semanas nos combates.
A embaixadora norte-americana justificou o seu veto com o argumento de que o texto da Argélia "colocava em risco as delicadas negociações" em curso, considerando ainda que proceder à votação foi um ato "irresponsável".
O veto americano "irresponsável e perigoso" envia a mensagem de que Israel pode "continuar a fazer qualquer coisa impunemente", criticou, por seu lado, o embaixador palestiniano, Riyad Mansour.
Também numa reação ao veto norte-americano, o movimento islamita Hamas considerou a posição dos EUA como uma "luz verde" para Israel realizar mais "massacres".
"A posição americana é um sinal verde para a ocupação [israelita] cometer mais massacres (...). Isto só aumentará o sofrimento do nosso povo", afirmou o movimento islamita palestiniano num comunicado.
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