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Do 'choque' à 'culpa' de Putin. As reações à morte "trágica" de Navalny

Líderes mundiais homenageiam Alexei Navalny e apontam o dedo ao presidente russo e ao seu regime. Eis as reações.

Do 'choque' à 'culpa' de Putin. As reações à morte "trágica" de Navalny
Notícias ao Minuto

14:28 - 16/02/24 por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo Alexei Navalny

A morte do líder da oposição russa, Alexei Navalny, esta sexta-feira, aos 47 anos, está a gerar reações por todo o mundo. As recordações da sua vida de ativismo político, na luta contra a corrupção e a guerra, emocionam, mas, de fora, não ficam as críticas a Vladimir Putin e ao seu regime, a quem muitos imputam a culpa pela morte de Navalny.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, reagiu em nome de Portugal e lamentou a morte do opositor russo, acusando o presidente da Rússia de ser "responsável pela sua morte". 

"Presto homenagem a Alexei Navalny, que resistiu ao regime de Putin e lutou pela democracia na Rússia", começou por referir o ministro português numa nota publicada na rede social X (antigo Twitter).

"Putin, que exerceu o seu poder arbitrário prendendo-o em circunstâncias cada vez mais draconianas, é responsável pela sua morte", acusou, enviando "condolências à família e ao povo russo".

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, também foi um dos primeiros a lamentar a morte de Navalny, defendendo a importância de "apurar os factos". Stoltenberg lembrou o principal opositor do regime russo como um "homem que lutou pela democracia e pela liberdade" na Rússia "durante tantos anos".

"Hoje os meus pensamentos estão com a sua família e os seus amigos", começou por referir em declarações aos jornalistas, na Alemanha. "É importante apurar todos os factos. O que sabemos é que a Rússia tem exercido um poder cada vez mais totalitário contra os opositores de Putin", acrescentou.

Seguiu uma reação por parte do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que afirmou que a União Europeia (UE) considera que o regime russo é o "único responsável pela morte trágica" de Navalny. 

"Alexei Navalny lutou pelos valores da liberdade e da democracia e, pelos seus ideais, fez o derradeiro sacrifício. A UE considera o regime russo o único responsável por esta morte trágica", escreveu Charles Michel, também na rede X.

O presidente do Conselho Europeu apresentou as suas "mais sinceras condolências" à família do ativista e "a todos aqueles que lutam pela democracia em todo o mundo nas condições mais sombrias". "Os combatentes morrem, mas a luta pela liberdade nunca acaba", frisou o responsável.

França também se fez ouvir pela voz de Stéphane Séjourné. Nas redes sociais, o chefe da diplomacia francesa afirmou que o opositor russo "pagou com a vida" a resistência a "um sistema de opressão". "A sua morte numa colónia penal recorda-nos a realidade do regime de Vladimir Putin", escreveu, notando que França apresenta "as suas condolências" à família de Navalny, "aos seus entes queridos e ao povo russo".

o chanceler alemão, Olaf Scholz, manifestou tristeza pela anunciada morte de Navalny, lamentando que tenha pagado a sua coragem com a vida. "Qualquer pessoa empenhada na democracia deve temer pela sua segurança e pela sua vida e é por isso que estamos todos muito tristes", disse, durante uma conferência de imprensa em Berlim, juntamente com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Por sua vez, Zelensky afirmou que o presidente da Rússia deve "responder pelos seus crimes". "É óbvio para mim que (Alexei Navalny) foi morto como milhares de outros que foram torturados até à morte por causa de uma pessoa, Putin, que não se importa com quem morre, desde que mantenha a sua posição", declarou o chefe de Estado ucraniano. 

Também o Reino Unido lamentou a "imensa tragédia" que a morte de Navalny representa para o povo russo. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, prestou homenagem à coragem do "mais feroz defensor da democracia" da Rússia. "Esta é uma notícia terrível. O mais feroz defensor da democracia na Rússia, Alexei Navalny, demonstrou uma coragem incrível ao longo da sua vida", escreveu Sunak nas redes sociais. 

O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, manifestou-se "profundamente chocado" com a morte de Navalny e disse que o governo daquele país exige "o esclarecimento das circunstâncias da sua morte, ocorrida durante a sua prisão injusta por razões políticas".

Posteriormente, outras figuras, que representam a UE, também acabaram por se pronunciar. 

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, disse, na rede X, estar "horrorizada" e acusou a Rússia de ter tirado "a liberdade e a vida" do opositor russo, "mas não a dignidade". "O mundo perdeu um lutador cuja coragem ecoará através de gerações", acrescentou, vincando que "a sua luta pela democracia continua a existir".

Também a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, se mostrou "profundamente perturbada e triste" com a notícia, falando num "lembrete sombrio" sobre o presidente russo e o seu regime. "Vamos unir-nos na nossa luta para salvaguardar a liberdade e a segurança daqueles que se atrevem a enfrentar a autocracia", adiantou a líder do executivo comunitário na rede X.

Josep Borrell, chefe da diplomacia da UE, considerou que Vladimir Putin tem a "responsabilidade exclusiva" pela morte de Navalny. "Enquanto aguardamos mais informações, sejamos claros: esta é uma responsabilidade exclusiva de Putin", escreveu Josep Borrell, na mesma rede social, admitindo estar "chocado". Borrell descreveu ainda Navalny como um "homem muito corajoso que dedicou a sua vida a salvar a honra da Rússia, dando esperança aos democratas e à sociedade civil".

Por outro lado, os Estados Unidos reagiram ao anúncio da morte com alguma precaução, afirmando que, a confirmar-se, "é uma tragédia terrível".  "Dada a longa e sórdida tendência do Governo russo de destruir os seus opositores, há questões óbvias sobre o que acabou de acontecer", disse o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan, numa entrevista à rádio pública NPR. Sullivan acrescentou que Washington estava a tentar confirmar a informação antes de "decidir como proceder", segundo a agência francesa AFP.

Alexei Navalny morreu hoje, aos 47 anos, numa colónia penal no Ártico onde cumpria uma pena de 19 anos de prisão, segundo os serviços prisionais da Rússia.

"Em 16 de fevereiro de 2024, no centro penitenciário n.º 3, o prisioneiro Navalny A.A. sentiu-se mal depois de uma caminhada", disse o serviço federal prisional (FSIN) num comunicado citado pela agência russa TASS.

"As causas da morte estão a ser apuradas", acrescentou o FSIN.

Os apoiantes de Navalny ainda não confirmaram a notícia e anunciaram que o advogado do dissidente estava a viajar para a região onde se situa a colónia penal.

Alexei Anatolievitch Navalny era considerado o principal opositor do regime do presidente Vladimir Putin.

Leia Também: Navalny, da política aos processos judiciais: O que aconteceu desde 2007  

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