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Picasso ou Warhol? Obras podem ser destruídas com ácido se Assange morrer

Num cofre estão obras de artistas como Picasso, Rembrandt, Warhol, Jasper Johns, Jannis Kounellis, Robert Rauschenberg, Sarah Lucas, Santiago Sierra ou Jake Chapman. O problema? Correm o risco de serem destruídas com ácido.

Picasso ou Warhol? Obras podem ser destruídas com ácido se Assange morrer
Notícias ao Minuto

10:13 - 13/02/24 por Notícias ao Minuto

Mundo Julian Assange

O artista plástico russo Andrei Molodkin, conhecido pelos seus protestos, anunciou um novo projeto em defesa do fundador do portal WikiLeaks, Julian Assange. Molodkin planeia destruir, com ácido, obras-primas de artistas como Pablo Picasso, Rembrandt e Andy Warhol, caso o australiano morra na prisão. 

À Sky News, o artista russo falou sobre o projeto denominado 'Dead Man's Switch' ('Troca de homem morto', na tradução livre) e explicou que juntou 16 obas de arte, cujo valor estimado é superior a 45 milhões de dólares, mais de 41 milhões de euros, num cofre de 29 toneladas, com uma substância "extremamente corrosiva".

Mas como funciona? No interior do cofre estão caixas, com as obras de arte, e uma bomba pneumática que liga dois barris - um com ácido em pó e outro com um acelerador que poderá provocar uma reação química capaz de transformar todo o conteúdo do cofre em destroços.

"No nosso tempo catastrófico - em que temos tantas guerras - destruir a arte é muito mais tabu do que destruir a vida de uma pessoa", disse o dissidente russo à estação televisiva. "Desde que Julian Assange está na prisão, a liberdade de expressão e a liberdade de informação começaram a ser cada vez mais reprimidas", acrescentou.

Andrei Molodkin não quis precisar quais as obras de arte no cofre, mas revelou que nele se encontram trabalhos próprios, mas também de Picasso, Rembrandt, Warhol, Jasper Johns, Jannis Kounellis, Robert Rauschenberg, Sarah Lucas, Santiago Sierra ou Jake Chapman.

"Acredito que se acontecer alguma coisa e apagarmos alguma obra-prima, ela será apagada da história - ninguém saberá que tipo de peça era", disse. "Temos toda a documentação e fotografámo-las todas", acrescentou.

O cofre será fechado na sexta-feira e encontra-se, atualmente, no estúdio de Molodkin no sul de França. Contudo, o objetivo é transferi-lo para um museu. Do projeto faz ainda parte um temporizador de 24 horas, em contagem decrescente, que tem de ser reiniciado diariamente antes de chegar a zero e impedir a libertação do material corrosivo. Para isso, "alguém próximo" de Assange terá de confirmar, todos os dias, que ele está vivo. 

Se Assange for libertado da prisão, as obras de arte serão devolvidas aos seus proprietários. Giampaolo Abbondio, dono de uma galeria de arte em Milão, foi uma das pessoas que forneceu a obra de arte de Picasso para o cofre e assinou um acordo de não divulgação que o impede de revelar qual é a obra em causa, tal como o artista Franko B, que diz ter fornecido uma das suas "melhores peças".

"O Picasso pode variar entre 10.000 e 100 milhões, mas não acho que seja o número de zeros que o torna mais relevante quando estamos a falar de uma vida humana", disse Giampaolo Abbondio à Sky News.

"Achei que era importante doar algo com que me preocupo. Não doei algo que encontrei no canto do meu estúdio. Doei uma obra que me é muito querida e que fala de liberdade e de censura", notou Franko B.

Este projeto está a ser apoiado pela mulher de Assange, Stela. "Qual é o maior tabu - destruir a arte ou destruir a vida humana?", questionou. 

"Os verdadeiros alvos aqui não são apenas Julian Assange, mas o direito do público a saber e o futuro da possibilidade de responsabilizar o poder. Se a democracia vencer, a arte será preservada, tal como a vida de Julian", frisou.

Recorde-se que Julian Assange aguarda o último recurso contra a sua extradição para os Estados Unidos, onde é procurado e onde enfrenta acusações ao abrigo da Lei da Espionagem, após a divulgação de centenas de milhares de documentos relacionados com as atividades militares e diplomáticas daquele país, nomeadamente sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque. O australiano encontra-se detido na prisão londrina de Belmarsh há quase cinco anos e o seu advogado alega que a sua vida "está em risco".

Leia Também: Especialista da ONU exorta Londres a não extraditar Assange para EUA

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