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Charles Michel desiste de concorrer às eleições europeias

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que anunciou há menos de um mês que iria abandonar precocemente o cargo para concorrer pelos liberais às eleições europeias, decidiu hoje não o fazer para não afetar "a unidade europeia".

Charles Michel desiste de concorrer às eleições europeias
Notícias ao Minuto

18:45 - 26/01/24 por Lusa

Mundo Europa

"Não quero que esta decisão nos distraia da nossa missão, nem que comprometa esta instituição e o nosso projeto europeu, nem que seja utilizada de forma abusiva para dividir o Conselho Europeu, que, na minha opinião, deve trabalhar incansavelmente em prol da unidade europeia. (...) Por todas estas razões, e para manter o foco da minha missão, não serei candidato às eleições europeias", anunciou Charles Michel, numa mensagem na sua conta oficial na rede social Facebook.

Vincando que irá dedicar "todos os esforços" às suas "responsabilidades atuais com uma determinação inabalável até ao seu termo", o presidente do Conselho Europeu adiantou que, só no final do mandato, refletirá "sobre a natureza e a orientação dos compromissos futuros".

A 06 de janeiro deste ano, Charles Michel anunciou que iria encabeçar a lista do partido liberal francófono MR às eleições europeias de junho, com vista a poder ocupar um cargo europeu (como o de eurodeputado ou outro) no próximo ciclo institucional.

Em declarações a jornalistas europeus, incluindo da Lusa, um dia após esse anúncio, Charles Michel indicou que os líderes da União Europeia (UE) contam com "ferramentas" para evitar a presença do controverso primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, à frente da instituição, justificando na altura a sua candidatura com a sua ambição de "defender o reforço do compromisso europeu".

A decisão de Michel levou então a que se temesse que Orbán -- que tem vindo a bloquear avanços em dossiês europeus relacionados com o orçamento comunitário, o apoio à Ucrânia e as migrações ou a infringir o Estado de direito europeu -- assuma temporariamente a liderança do Conselho Europeu por nessa altura deter a presidência semestral rotativa da UE.

O regulamento interno da instituição prevê que, "em caso de impedimento por motivo de doença, de morte ou de cessação do mandato (...), o presidente do Conselho Europeu seja substituído, se necessário até à eleição do seu sucessor, pelo membro que representa o Estado-membro que exerce a presidência semestral do Conselho", sendo o primeiro-ministro húngaro na altura, mas estas normas podem ser alteradas por maioria simples.

De qualquer forma, caso quisesse concorrer às europeias, o político liberal teria de deixar o cargo antes do esperado, a 16 de julho em vez do estipulado 30 de novembro, decisão relativamente à qual agora recua.

"A minha escolha deu origem a uma intensa atenção e especulação por parte dos meios de comunicação social, (...) dado o caráter sem precedentes - alguns diriam ousado - da minha abordagem. Isto conduziu também a reações extremas, não no seio do Conselho Europeu, mas fora dele", elencou Charles Michel.

Sublinhando ser "um fervoroso defensor de uma Europa democrática, forte, unida e dona do seu próprio destino", o político belga relatou ainda "ataques pessoais", que "distorcem o discurso democrático objetivo".

As eleições europeias realizam-se entre 06 e 09 de junho próximo e só depois é que o Conselho Europeu se reunirá para designar o sucessor de Charles Michel.

O anúncio de hoje do também antigo primeiro-ministro belga surge a poucos dias de uma cimeira europeia extraordinária crucial, na quinta-feira em Bruxelas, para a UE avançar com apoio financeiro à Ucrânia e marcada pelo bloqueio húngaro, que põe em causa a unanimidade do Conselho Europeu.

As negociações para a Hungria aceitar a revisão do orçamento plurianual da União Europeia, que inclui apoio financeiro para a Ucrânia, estão "complicadas" pela "inflexibilidade" húngara, ponderando-se a suspensão do direito de voto de Budapeste, afirmaram hoje fontes europeias.

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