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Mais uma vez, fiéis de Trump enchem redes sociais de ameaças a juízes

Os e-mails, números pessoais e endereços de correio dos magistrados que votaram a favor de retirar Trump das eleições no Colorado foram partilhados por várias redes.

Mais uma vez, fiéis de Trump enchem redes sociais de ameaças a juízes
Notícias ao Minuto

20:58 - 22/12/23 por Hélio Carvalho

Mundo Donald Trump

Praticamente um dia depois do supremo tribunal do Colorado anunciar a decisão de desqualificar Donald Trump das eleições no estado, na quarta-feira, devido às acusações de envolvimento no ataque ao Capitólio em 2021, as redes sociais e fóruns afetos a Trump encheram-se de milhares de ameaças violentas contra os juízes responsáveis pela decisão.

Segundo um relatório da organização não-governamental Advance Democracy, citado pela NBC News, foram identificadas nas últimas 48 horas um aumento da "retórica violenta" contra os magistrados e contra os democratas. Estas reações surgiram, em larga parte, em respostas diretas a publicações feitas por Trump na sua rede social. a Truth Social, sobre a decisão do tribunal.

Os e-mails, números pessoais e endereços de correio dos magistrados que votaram a favor de retirar Trump das eleições no Colorado foram partilhados por várias redes. Algumas mensagens, referidas pela organização, expressam ameaças de morte concretas e explícitas.

"Isto vai acabar quando matarmos estes cabr***", escreveu um utilizador num fórum pró-Trump, usado por muitos apoiantes que estiveram no ataque ao Capitólio a 6 de janeiro de 2021. Outro respondeu: "Como é que se chamam sete juízes do supremo tribunal do Colorado no fundo do oceano? Um bom começo".

As publicações incluem também fotografias e links para métodos de tortura, armas, tutoriais sobre como fazer armas e bombas caseiras, entre outros indícios violentos.

Esta tem sido uma forma de retaliação recorrente pelos apoiantes fervorosos do antigo presidente contra as autoridades que o tentam responsabilizar pelos alegados crimes que cometeu, sejam estas policiais, judiciais ou políticas. A NBC descreve mesmo que este é um "padrão previsível e familiar, visto uma e outra vez após desenvolvimentos legais contra Trump".

Quando a polícia federal realizou buscas ao resort de luxo Mar-a-Lago, na Florida, devido a documentos confidenciais que Trump terá levado a Casa Branca, um homem que esteve na invasão ao edifício do Congresso atacou um escritório do FBI, carregando consigo uma arma semiautomática.

Os membros do júri que acusou Trump na Geórgia de tentar reverter as eleições no estado viram as suas moradas serem publicadas online. A juíza Tanya Chutkan, que nomeou um procurador especial para investigar casos de interferência eleitoral pela equipa de Trump, foi ameaçada de morte. Os casos sucedem-se, uns atrás dos outros.

Em 2021, uma reportagem da VICE News dava conta de que há cada vez menos funcionários eleitorais no país, devido ao medo provocado pelos apoiantes extremistas do antigo presidente e das suas políticas ultranacionalistas e autoritárias, após as alegações de fraude eleitoral em 2020 (que foram desmentidas por todas as autoridades oficiais e entidades independentes).

À NBC News, Daniel J. Jones, presidente da Advance Democracy, afirmou que a frequência consistente destas ameaças violentas deve preocupar as autoridades, além dos visados.

"Estamos a ver linguagem e ameaças violentas significativas feitas contra os juízes do Colorado e outros que aparentam ter estado por trás da decisão de ontem [dia 20] do supremo. A normalização deste tipo de retórica violenta - e a falta de ação preventiva pelas entidades de redes sociais - deve causar grande preocupação", alertou.

Jones argumentou ainda que as próprias declarações de Trump sobre as autoridades estão a fomentar esta onda de violência verbal - um discurso que, a 6 de janeiro de 2021, acabou por ter como consequência direta o ataque dos seus apoiantes ao Capitólio, onde morreram cinco pessoas.

"As declarações de Trump, que procuraram deslegitimar e politizar as ações dos tribunais, está a servir como alavanca para esta retórica violenta. Os líderes políticos de ambos os lados devem condenar estas ameaças e as plataformas devem reavaliar o seu papel em acolher e promover esta retórica", vincou o especialista e antigo investigador do FBI.

Leia Também: Supremo do Colorado proíbe Trump de concorrer às próximas presidenciais

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