Numa conferência de imprensa, a porta-voz do Quai d'Orsay, Anne-Claire Legendre, indicou que a chefe da diplomacia francesa, Catherine Colonna, vai levantar a questão a nível europeu numa reunião em Bruxelas na próxima segunda-feira.
"Estes atos de violência devem terminar e é da responsabilidade das autoridades israelitas garantir que isso aconteça e julgar os responsáveis", declarou Legendre.
"Pela nossa parte, também assumiremos a nossa responsabilidade. Estamos a considerar medidas para os banir do território francês e para congelar os seus bens, tanto a nível nacional como europeu", acrescentou, sublinhando que Colonna irá abordar o assunto no Conselho dos Negócios Estrangeiros de segunda-feira, em Bruxelas.
Questionada sobre o prazo, Legendre afirmou que estão a ser realizados trabalhos para identificar as personalidades visadas.
"Estamos a prosseguir as conversações com os nossos parceiros europeus [...] e esperamos conseguir fazer progressos tanto a nível nacional como europeu", acrescentou.
Berlim já apelou à União Europeia (UE) para que considere a possibilidade de adotar tais sanções.
A França condena regularmente os atos de violência cometidos pelos colonos israelitas extremistas contra os palestinianos na Cisjordânia.
Na semana passada, Legendre sublinhou que os atos de violência são "profundamente desestabilizadores para a região" e minam as perspetivas de uma solução de dois Estados.
Na altura, afirmou que a França não excluía "nenhuma opção", referindo-se à possibilidade de introduzir sanções contra indivíduos ou grupos de colonos.
Na terça-feira, os Estados Unidos anunciaram sanções contra dezenas de colonos israelitas considerados radicais que serão proibidos de entrar em solo norte-americano, acusando-os de serem responsáveis por ataques violentos contra a população palestiniana na Cisjordânia ocupada.
Num comunicado, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que a administração de Joe Biden decidiu restringir os vistos às pessoas "envolvidas em minar a paz, a segurança ou a estabilidade da Cisjordânia", bem como aos seus familiares.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos alegou atos de violência dos colonos e tentativas de restringir o acesso dos palestinianos da Cisjordânia a serviços básicos essenciais.
"Sublinhámos ao Governo israelita a necessidade de responsabilizar os colonos radicais que cometeram ataques violentos contra os palestinianos na Cisjordânia", disse Blinken.
O Departamento de Estado norte-americano não revelou o número ou as identidades dos colonos que foram proibidos de entrar nos Estados Unidos.
A Cisjordânia ocupada vive a mais tensa espiral de violência desde a Segunda Intifada (2000-05) - apenas este ano, 467 palestinianos já morreram.
A situação agravou-se na sequência da guerra de Israel contra o grupo islamita Hamas em Gaza, que eclodiu em 07 de outubro.
A 25 de outubro, o Presidente dos Estados Unidos admitiu estar "alarmado" com os ataques dos colonos contra os palestinianos e exigiu o fim imediato desses ataques.
"Estão a atacar os palestinianos em lugares onde eles têm o direito de estar. Têm de parar", disse Joe Biden.
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