A ex-embaixadora norte-americana junto da ONU Nikki Haley mostrou que a subida nas sondagens e, as crescentes doações de bilionários para a sua campanha, preocupam os rivais na corrida à indicação republicana para as presidenciais de 2024, tendo sido o principal alvo do empresário Vivek Ramaswamy e do governador da Florida, Ron DeSantis - a quem está prestes a ultrapassar nas sondagens de intenção de voto, embora ainda muito atrás de Trump.
Vivek Ramaswamy sugeriu que a ex-embaixadora estava muito próxima dos interesses corporativos e DeSantis acusou-a de permitir investimento chinês na Carolina do Sul quando era governadora.
Ramaswamy foi mais longe e acusou Haley de ser "mais fascista" do que o governo de Joe Biden e avaliou que as suas competências e experiência em política externa e segurança nacional eram exageradas.
Já Haley enalteceu a sua carreira dedicada ao serviço público e advogou que os oponentes "têm inveja" das doacões que a sua campanha eleitoral tem recebido.
"Adoro toda a atenção, pessoal, obrigada por isso", disse Haley após ataques ininterruptos num debate tenso, com apenas quatro candidatos em palco.
Nikki Haley came under attack from her rivals early in the latest Republican presidential debate, a sign of her momentum — though she's still far behind Donald Trump. She relished the moment. Watch the video of the exchange, courtesy of #NewsNation. https://t.co/kozQDi4VpZ pic.twitter.com/g8rmy4au5q
— The New York Times (@nytimes) December 7, 2023
A dureza das palavras do empresário de biotecnologia contra Haley foi imediatamente repreendida por outro dos candidatos conservadores presentes no evento, o ex-governador de Nova Jérsia Chris Christie.
"Esta é uma mulher inteligente e realizada e você deveria parar de insultá-la", defendeu Christie, considerando o empresário "o fanfarrão mais desagradável da América".
Além de se diferenciar por defender Haley, o ex-governador foi o candidato que mais criticou direta e duramente Donald Trmp, a quem acusou de "não ter coragem" para comparecer no debate.
"A verdade é que Trump não está apto para ser Presidente", disse Christie, acrescentando que "não há problema maior nesta corrida do que Donald Trump, e esses números são a prova disso", disse, referindo-se às sondagens, as quais o magnata lidera.
Christie responsabilizou ainda os colegas do Partido Republicano de contribuírem para a popularidade de Trump, uma vez que "não o repreendem publicamente" e "fazem parecer que o seu discurso é aceitável".
Chris Christie defends Nikki Haley against Vivek Ramaswamy.
— Brian Krassenstein (@krassenstein) December 7, 2023
The debate is certainly entertaining but is this debate actually changing anyone’s opinions on who might have an inkling of a chance in the Republican primary in January?
How many republicans are actually watching… pic.twitter.com/6qEGXb5lDh
"A verdade precisa de ser dita. Trump é um sujeito que acabou de dizer que quer usar o Departamento de Justiça para ir atrás de seus inimigos quando chegar lá [à Presidência]. Não há problema maior nesta corrida do que Donald Trump", reforçou o ex-governador.
À exceção de Christie, os candidatos passaram mais tempo neste debate - e nos três anteriores - a atacarem-se mutuamente do que a unir as suas forças contra Trump, refletindo a visão de que criticar Trump resulta em 'feedback' negativo, dada a popularidade do magnata entre o eleitorado republicano.
Num momento em que enfrenta 91 acusações criminais, Trump recusou-se a marcar presença no debate organizado pelo Comité Nacional Republicano - tal como optou fazer nas três edições anteriores -, tendo passado a noite num evento de arrecadação de fundos para a sua campanha.
Questionado pelas moderadoras sobre se considera Trump inapto para regressar à Presidência, Ron DeSantis foi evasivo na sua resposta, apesar de o acusar de "não cumprir" as promessas de campanha.
"Não creio que Donald Trump tenha outro mandato. (...) Precisamos de alguém mais jovem e que cumpra a sua palavra. Ele disse que iria construir um muro e que o México pagaria por isso. Ele também deportou menos migrantes ilegais do que [o ex-Presidente] Barack Obama. (...) Apoiei-o em 2016, mas ele não cumpriu a sua palavra", disse DeSantis.
Haley tentou traçar um forte contraste entre a própria e Trump, argumentando que, caso seja eleita Presidente dos Estados Unidos, a sua abordagem será "sem drama, sem vinganças e sem lamentações".
Já Ramaswamy posicionou-se novamente como o candidato que apoiaria Trump mesmo que este fosse condenado pelos crimes federais que enfrenta, embora tenha acusado os oponentes de se curvarem perante o magnata durante anos para garantir cargos políticos ou ganhos financeiros.
O mais próximo que o empresário de 38 anos chegou de criticar Trump foi ao apelar a uma nova geração de liderança.
O quarto debate - depois dos realizados em Wisconsin, Florida e Califórnia - teve lugar na cidade de Tuscaloosa, no estado do Alabama, e prolongou-se por duas horas.
Com o campo de candidatos a diminuir, e quando falta pouco mais de um mês para o estado de Iowa ir a votos para as primárias do Partido Republicano, em 15 de janeiro, aumenta a pressão sobre os candidatos para mostrarem que são capazes de enfrentar Trump na nomeação Republicana.
Face à superioridade de Trump nas sondagens, os principais meios de comunicação norte-americanos - incluindo o The Washington Post e The New York Times, entre outros - têm lançado fortes alertas nos últimos dias, classificando como "ditadura", "deriva" e "autoritarismo" o cenário que seria vivido no país caso Trump fosse reeleito nas eleições presidenciais do próximo ano.
Posição semelhante foi partilhada por políticos republicanos que são abertamente anti-Trump, como a antiga congressista do Wyoming Liz Cheeney, que afirmou recentemente numa entrevista à CBS que preferiria mesmo que os democratas ganhassem as eleições para evitar que o país "caminhasse sonâmbulo para uma ditadura".
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