Republicanos tentam travar ascensão de Haley no 4.º debate das primárias

Nikki Haley foi a candidata republicana em palco mais atacada durante o quarto debate para as primárias do Partido Republicano dos EUA, juntando-se ao ex-Presidente Donald Trump que, mesmo ausente, recebeu críticas dos adversários.

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© Justin Sullivan/Getty Images

Lusa
07/12/2023 06:55 ‧ 07/12/2023 por Lusa

Mundo

Eleições EUA

A ex-embaixadora norte-americana junto da ONU Nikki Haley mostrou que a subida nas sondagens e, as crescentes doações de bilionários para a sua campanha, preocupam os rivais na corrida à indicação republicana para as presidenciais de 2024, tendo sido o principal alvo do empresário Vivek Ramaswamy e do governador da Florida, Ron DeSantis - a quem está prestes a ultrapassar nas sondagens de intenção de voto, embora ainda muito atrás de Trump.

Vivek Ramaswamy sugeriu que a ex-embaixadora estava muito próxima dos interesses corporativos e DeSantis acusou-a de permitir investimento chinês na Carolina do Sul quando era governadora.

Ramaswamy foi mais longe e acusou Haley de ser "mais fascista" do que o governo de Joe Biden e avaliou que as suas competências e experiência em política externa e segurança nacional eram exageradas.

Já Haley enalteceu a sua carreira dedicada ao serviço público e advogou que os oponentes "têm inveja" das doacões que a sua campanha eleitoral tem recebido.

"Adoro toda a atenção, pessoal, obrigada por isso", disse Haley após ataques ininterruptos num debate tenso, com apenas quatro candidatos em palco.

A dureza das palavras do empresário de biotecnologia contra Haley foi imediatamente repreendida por outro dos candidatos conservadores presentes no evento, o ex-governador de Nova Jérsia Chris Christie.

"Esta é uma mulher inteligente e realizada e você deveria parar de insultá-la", defendeu Christie, considerando o empresário "o fanfarrão mais desagradável da América".

Além de se diferenciar por defender Haley, o ex-governador foi o candidato que mais criticou direta e duramente Donald Trmp, a quem acusou de "não ter coragem" para comparecer no debate.

"A verdade é que Trump não está apto para ser Presidente", disse Christie, acrescentando que "não há problema maior nesta corrida do que Donald Trump, e esses números são a prova disso", disse, referindo-se às sondagens, as quais o magnata lidera.

Christie responsabilizou ainda os colegas do Partido Republicano de contribuírem para a popularidade de Trump, uma vez que "não o repreendem publicamente" e "fazem parecer que o seu discurso é aceitável".

"A verdade precisa de ser dita. Trump é um sujeito que acabou de dizer que quer usar o Departamento de Justiça para ir atrás de seus inimigos quando chegar lá [à Presidência]. Não há problema maior nesta corrida do que Donald Trump", reforçou o ex-governador.

À exceção de Christie, os candidatos passaram mais tempo neste debate - e nos três anteriores - a atacarem-se mutuamente do que a unir as suas forças contra Trump, refletindo a visão de que criticar Trump resulta em 'feedback' negativo, dada a popularidade do magnata entre o eleitorado republicano.

Num momento em que enfrenta 91 acusações criminais, Trump recusou-se a marcar presença no debate organizado pelo Comité Nacional Republicano - tal como optou fazer nas três edições anteriores -, tendo passado a noite num evento de arrecadação de fundos para a sua campanha.

Questionado pelas moderadoras sobre se considera Trump inapto para regressar à Presidência, Ron DeSantis foi evasivo na sua resposta, apesar de o acusar de "não cumprir" as promessas de campanha.

"Não creio que Donald Trump tenha outro mandato. (...) Precisamos de alguém mais jovem e que cumpra a sua palavra. Ele disse que iria construir um muro e que o México pagaria por isso. Ele também deportou menos migrantes ilegais do que [o ex-Presidente] Barack Obama. (...) Apoiei-o em 2016, mas ele não cumpriu a sua palavra", disse DeSantis.

Haley tentou traçar um forte contraste entre a própria e Trump, argumentando que, caso seja eleita Presidente dos Estados Unidos, a sua abordagem será "sem drama, sem vinganças e sem lamentações".

Já Ramaswamy posicionou-se novamente como o candidato que apoiaria Trump mesmo que este fosse condenado pelos crimes federais que enfrenta, embora tenha acusado os oponentes de se curvarem perante o magnata durante anos para garantir cargos políticos ou ganhos financeiros. 

O mais próximo que o empresário de 38 anos chegou de criticar Trump foi ao apelar a uma nova geração de liderança.

O quarto debate - depois dos realizados em Wisconsin, Florida e Califórnia - teve lugar na cidade de Tuscaloosa, no estado do Alabama, e prolongou-se por duas horas.

Com o campo de candidatos a diminuir, e quando falta pouco mais de um mês para o estado de Iowa ir a votos para as primárias do Partido Republicano, em 15 de janeiro, aumenta a pressão sobre os candidatos para mostrarem que são capazes de enfrentar Trump na nomeação Republicana.

Face à superioridade de Trump nas sondagens, os principais meios de comunicação norte-americanos - incluindo o The Washington Post e The New York Times, entre outros - têm lançado fortes alertas nos últimos dias, classificando como "ditadura", "deriva" e "autoritarismo" o cenário que seria vivido no país caso Trump fosse reeleito nas eleições presidenciais do próximo ano.

Posição semelhante foi partilhada por políticos republicanos que são abertamente anti-Trump, como a antiga congressista do Wyoming Liz Cheeney, que afirmou recentemente numa entrevista à CBS que preferiria mesmo que os democratas ganhassem as eleições para evitar que o país "caminhasse sonâmbulo para uma ditadura".

Leia Também: Trump promete que não será um ditador "exceto no primeiro dia"

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