De acordo com o 'media' oposicionista Myanmar Now, o Exército de Libertação Nacional Karen (KNLA), e as Forças Patrióticas e Defesa (PDF), uma milícia pró-democracia que surgiu após o golpe militar de 01 de fevereiro de 2021, mantinham hoje combates com o Tatmadaw, o Exército birmanês, em torno da cidade de Mone, na província de Bago, sul do país, após os avanços registados no nordeste, e mais recentemente a leste e oeste do país asiático.
De acordo com o Myanmar Now e um porta-voz do KNLA, forças conjuntas dos dois grupos desencadearam uma ofensiva em 02 de dezembro, capturaram uma esquadra da polícia em Mone e envolveram-se em intensos combates, originando a fuga de centenas de civis.
O porta-voz da junta militar que detém o poder em Myanmar (antiga Birmânia), Zaw Min Tun, assinalou por sua vez que as PDF "estão a retirar-se de Mone", segundo indicou o 'media' Eleven News, vinculado ao Exército birmanês.
A província de Bago situa-se cerca de 70 quilómetros a nordeste de Rangum, e permanece a zona mais a sul abrangida pela designada Operação 1027, desencadeada pelas forças oposicionistas em 27 de outubro no estado de Shan, nordeste.
Desde então, a ofensiva, inicialmente desencadeada pela Aliança da Irmandade -- formada por três poderosas guerrilhas do norte, algumas com ligações étnicas e militares à China e onde se inclui o Exército para a Aliança Democrática da Birmânia (MNDAA) --, uniram-se a outros grupos, incluindo as PDF, com a operação a expandir-se por outras zonas.
Os avanços na província de Bago ocorrem após o início dos confrontos entre o KNLA e o Exército birmanês que decorrem desde há alguns dias pelo controlo de uma rota comercial decisiva no estado de Karen, perto da localidade de Kawkareik, situada na autoestrada que liga Myawaddy, na fronteira com a Tailândia, a Rangum.
Desta forma, e em 26 de novembro, o MNDAA reivindicou o controlo do posto fronteiriço de Kyin San Kyawt, na região de kokang, no estado Shan, decisivo para o comércio fronteiriço com a China.
Segundo as forças oposicionistas, pelo menos 19 localidades foram conquistadas ao Exército birmanês desde outubro, nenhuma delas grandes cidades, para além de 200 postos militares e esquadras da polícia.
A ONU advertiu em finais de novembro que pelo menos 286.000 pessoas foram deslocadas desde o início da designada Operação 1027, e assinalou que a escalada de violência "é a maior e a mais extensa geograficamente" desde os confrontos iniciados em 2021.
O golpe militar interrompeu uma década de transição democrática em Myanmar e implicou o derrube do governo na Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, detida desde a sublevação, agudizando a guerra de guerrilhas que o país regista desde há décadas após o surgimento de novas milícias que combatem a junta militar no poder.
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