O BNP, que acusa as autoridades de ter detido milhares de seus membros no âmbito de uma ampla campanha de repressão, indicou não ter apresentado a documentação necessária no último dia de apresentação de candidaturas para as eleições de 07 de janeiro.
“Estamos a boicotar as eleições”, declarou ao porta-voz do BNP, AKM Wahiduzzaman, citado pela agência de notícias francesa AFP.
“A nossa posição mantém-se inalterada: não participaremos em qualquer eleição com Sheikh Hasina no poder”, acrescentou.
O BNP e outros partidos convocaram manifestações em massa exigindo que Sheikh Hasina, de 76 anos e sem cargo desde 2009, abandonasse o poder e que as eleições fossem organizadas por um Governo interino, critérios que o Governo rejeitou como inconstitucionais.
A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) afirmou na segunda-feira que cerca de 10.000 ativistas da oposição foram detidos e que pelo menos 16 pessoas, entre as quais duas polícias, foram mortas desde outubro.
“As autoridades do Bangladesh estão a proceder a detenções profundas de opositores políticos com o claro objetivo de esmagar a oposição e eliminar a concorrência antes das eleições gerais”, denunciou a HRW.
Wahiduzzaman, que acusa Hasina de ter "manipulado as duas eleições anteriores", afirmou que o número de detenções é ainda mais elevado ao apontado pela HRW.
“Ela deteve mais de 18.090 dos nossos dirigentes e apoiantes, no âmbito de uma campanha de repressão sem precedentes, a partir de 28 de outubro, para manipular novamente as eleições”, sustentou.
"Não façamos parte de uma farsa eleitoral", vincou.
Outros partidos da oposição anunciaram igualmente que boicotarão as eleições, entre os quais o Jamaat-e-Islami, o maior partido islâmico do país, e o Islami Andolon Bangladesh.
O porta-voz da Comissão Eleitoral Nacional, Shariful Alam, declarou que a lista dos partidos que concorreram será tornada pública hoje à noite.
Além da Liga Awami, no poder, pequenos partidos aliados anunciaram sua participação no escrutínio de 07 de janeiro.
Os responsáveis do BNP terão abandonado o partido na esperança de disputar assentos parlamentares como candidatos independentes.
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