A dois dias do início da 28.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28) que se realiza no Dubai, a partir de dia 30, os dirigentes dos EAU "ainda não disseram se se podem organizar protestos e se os participantes têm os seus direitos garantidos", disse, em conferência de imprensa, a investigadora da HRW para a Arábia Saudita e os EAU, Joey Shea.
A HRW criticou também que a conferência ocorra em um dos Estados que mais petróleo produz e que, segundo esta organização de defesa dos direitos humanos, não cumpre qualquer dos objetivos definidos no Acordo de Paris para limitar o aumento da temperatura média global no planeta.
Acresce ainda a falta de transparência em termos de clima deste Estado do Golfo Pérsico. "Não há forma de medir o impacto climático dos Emiratos", assegurou Shea, que adiantou que os académicos do país "não podem falar com liberdade e têm linhas vermelhas marcadas pelo governo".
Em relatório, a HRW detalhou que "os que falam ou investigam a exploração dos combustíveis fósseis, ou os danos à saúde e ao clima que provocam, correm o risco de se expor a vigilância ilegal, detenção e maus-tratos".
Os EAU também receberam fortes críticas por menorizar os direitos dos trabalhadores migrantes, "57% dos quais vêm de países afetados pela crise climática na África e no Sudeste Asiático", disse, em conferência de imprensa, o especialista em direitos laborais e fundador de Equidem Research, Mustafa Qadri.
Este acusou mesmo a comunidade internacional de "cumplicidade com a situação" e garantiu que a escolha do país para receber a COP28 é "produto de interesses económicos".
Contudo, os ativistas entendem que a COP28 "é a grande oportunidade para falar dos direitos humanos nos Emiratos", argumentou Ahmed Al-Nuaimi, um opositor do governo dos EAU, "como se fez no ano passado no Egito.
Leia Também: ONU deplora execuções no Irão e pede fim da pena de morte