"Teremos 32 países [na Aliança Atlântica]. Manter 32 países unidos sobre qualquer tema é um grande desafio, e precisamos de um construtor de consensos que possa trabalhar com todos e qualquer aliado, para fazer avançar todos na mesma direção", disse aos jornalistas em Bruxelas Krisjanis Karins, que já manifestou interesse em ser candidato à liderança da NATO, embora não o tenha formalizado.
A NATO deve eleger um novo secretário-geral na próxima cimeira da organização, em julho de 2024 em Washington, após uma década sob a liderança do ex-primeiro-ministro norueguês Jens Stoltenberg, cujo mandato foi sucessivamente renovado durante a guerra na Ucrânia.
"O próximo secretário tem de ter uma visão clara sobre o papel futuro da NATO, como se vai expandir, como vai trabalhar para conter a Rússia", disse Karins, que foi cinco anos chefe do Governo do seu país.
Ao mesmo tempo, falando à margem da reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança Atlântica que começou hoje em Bruxelas, advogou que é importante não se entrar em pânico e manter determinação face à "ameaça muito real" que Moscovo representa e trabalhar em conjunto para contê-la, advertindo que é do interesse de todos "garantir que a Rússia não ganha" a guerra que trava na Ucrânia.
O perfil do próximo secretário-geral da NATO, segundo Krisjanis Karin, deve também estar relacionado com o investimento acima de 2% do seu país em defesa, conforme acordado pelos países-membros da Aliança em julho na cimeira de Vílnius, e como já é o caso da Letónia, que destinou 2,27% do seu PIB a despesas militares este ano, enquanto em 2022 investiu 2,08%.
"Investir 2% do PIB ou mais penso que é importante como um sinal claro a todos os aliados de que isto é realmente importante para nós", declarou o chefe da diplomacia letã à chegada a Bruxelas.
Um dos últimos desafios de Stoltenberg é ajudar a persuadir a Turquia, juntamente com a Hungria, a apoiar a adesão da Suécia como 32.º membro da NATO.
A agência Associated Press descreve que, num momento diante das câmaras de televisão, enquanto os ministros dos Negócios Estrangeiros se reuniam para a tradicional fotografia de grupo, Karins tomou o braço do representante turco, Hakan Fidan, e disse em voz alta: "Estamos todos à espera agora, todos à espera".
Na sucessão a Stoltenberg, além de Krisjanis Karins, tem sido apontado o nome da primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, e a chefe do Governo dinamarquês, Mette Frederiksen, embora ela tenha já disse que não estava a concorrer, tal como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O primeiro-ministro holandês cessante, Mark Rutte, visitou, por sua vez, recentemente a sede da NATO para deixar clara a sua intenção de se candidatar.
Os secretários-gerais da NATO são escolhidos por consenso.
Leia Também: Ucrânia. NATO confiante que EUA continuarão a apoiar o país