Os três aparelhos - o que já aterrou e os outros dois, que seguirão "nos próximos dias" -- transportam ajuda médica e alimentar, bem como equipamentos para o inverno, e será distribuída pelas Nações Unidas, precisaram os mesmos responsáveis num encontro com a imprensa na segunda-feira, cujo conteúdo tinha embargo até hoje.
As mesmas fontes sublinharam que o Presidente norte-americano, Joe Biden, que se apresenta como o principal apoiante de Israel, foi também "o ponta-de-lança dos esforços internacionais de resposta à crise humanitária em Gaza".
Um primeiro avião C-17 com 24,5 toneladas de material médico e bens alimentares aterrou no Egito, anunciou hoje a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). A ONU deverá agora transportá-los para a Faixa de Gaza.
Um dos responsáveis estimou também que a quantidade de ajuda humanitária que chega por via rodoviária àquele enclave palestiniano pobre aumentou, totalizando agora 2.000 camiões de alimentos, bem como combustível, medicamentos e material necessário ao funcionamento das infraestruturas de dessalinização da água do mar.
"Atingimos em pouco mais que quatro semanas um ritmo sustentado de 240 camiões por dia", disse um dos responsáveis, que pediu para não ser identificado.
Assegurou igualmente que a ajuda distribuída e o combustível fornecido não estão "relacionados com a libertação de reféns" pelo movimento islamita palestiniano Hamas -- desde 2007 no poder naquele território e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel.
"Embora tenhamos, evidentemente, aproveitado ao máximo a pausa [nos combates] destinada à libertação dos reféns para distribuir o máximo [de ajuda] possível", acrescentou.
Israel e o Hamas decidiram na segunda-feira prolongar por mais dois dias um cessar-fogo observado desde sexta-feira na Faixa de Gaza, território palestiniano cercado e devastado por sete semanas de bombardeamentos israelitas, em retaliação ao ataque de proporções sem precedentes na história do Estado de Israel, criado em 1948, perpetrado pelo Hamas em território israelita a 07 de outubro.
Esta trégua, a primeira desde o início da guerra, permitiu até agora a libertação de 69 reféns mantidos em cativeiro pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) em Gaza.
"Deixámos muito claro que, quando esta fase de libertação de reféns terminar, deve ser mantido o ritmo atual [de encaminhamento de ajuda], ou idealmente até um ritmo mais elevado", acrescentou o responsável da Casa Branca.
Considerou, contudo, que o ritmo atual, de 240 camiões diários, "não é suficiente para restabelecer alguma espécie de normalidade quotidiana para os civis" e que será necessário avançar para uma nova fase envolvendo a entrada de "bens comerciais", para alcançar entre 300 e 400 camiões por dia.
Além disso, as autoridades norte-americanas disseram a Israel que era "muito importante" que a sua ofensiva militar, quando se estender ao sul do enclave, seja conduzida por forma a evitar "novas grandes deslocações de população".
"Não é possível que a deslocação que ocorreu no norte [da Faixa de Gaza] se reproduza à mesma escala no sul", advertiu, porque tal "excederia a capacidade de qualquer rede humanitária".
Recentemente, Joe Biden, que é acusado por ativistas de ter sacrificado os palestinianos em nome do apoio a Israel, sublinhou com insistência os seus esforços para fazer chegar ajuda humanitária à população de Gaza, que sobrevive em condições catastróficas.
De acordo com as autoridades israelitas, 1.200 pessoas, na maioria civis, foram mortas no ataque protagonizado por milícias do Hamas infiltradas a partir da Faixa de Gaza a 07 de outubro.
Em retaliação, Israel prometeu "erradicar" o Hamas, bombardeando incessantemente o território palestiniano e lançando a 27 de outubro uma ofensiva terrestre, até ao cessar-fogo humanitário atualmente em vigor.
Na Faixa de Gaza, os ataques israelitas fizeram até agora 14.854 mortos, 6.150 das quais menores, segundo o Governo do Hamas, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.
Leia Também: ONU vai negociar abertura de outra passagem fronteiriça com Gaza