Sam Miele foi apanhado a solicitar donativos no final de 2021 usando o pseudónimo Dan Meyer, que era na altura o chefe de gabinete do congressista Kevin McCarthy, quando este era o líder da minoria republicana na Câmara dos Representantes, a câmara baixa do Congresso dos EUA.

Esta é a versão de George Santos, mas segundo adianta a Associated Press as autoridades federais ainda não conseguiram confirmar que Meyer era o assessor cuja identidade Miele usou.

Sam Miele, 27 anos, que foi indiciado por quatro crimes de fraude eletrónica e um de roubo de identidade agravado, deverá conhecer a sentença no dia 30 de abril, podendo enfrentar uma pena de dois anos de prisão, admitiu um porta-voz do gabinete do Procurador-Geral dos EUA.

Miele também admitiu ter cometido fraude por acesso indevido ao usar cartões de crédito sem autorização para enviar dinheiro para a campanha de Santos e outros candidatos políticos, assim como para uso pessoal, afirmaram os procuradores, com a fraude a totalizar cerca de 100 mil dólares.

"Defraudar potenciais colaboradores políticos mina a nossa democracia e vamos vigorosamente processar essa conduta", disse o procurador do Distrito Este de Nova Iorque, Breon Peace.

O advogado de Miele, Kevin Marino, disse que o seu cliente "é um jovem inteligente com um futuro brilhante que cometeu um erro infeliz".

"Ele assumiu responsabilidade total pelos seus atos e está ansioso por deixar este episódio para trás e prosseguir com a sua vida", disse Marino, não respondendo a questões como se Miele iria testemunhar contra Santos.

Miele é o segundo assessor de campanha de George Santos que aceitou um acordo judicial numa investigação federal, depois de no mês passado a antiga tesoureira do polémico congressista republicano, Nancy Marks, se declarar culpada por conspiração fraudulenta e implicar Santos num esquema para adulterar os relatórios financeiros da campanha, colocando-lhes doadores e um empréstimo falsos.

George Santos está ele próprio indiciado por 23 crimes federais, alegando-se que roubou as identidades de doadores de campanha usando depois os seus cartões de crédito para se apropriar de dezenas de milhares de dólares.

Os procuradores federais dizem que Santos transferiu parte do dinheiro para a sua conta bancária e usou o restante para encher os cofres de campanha.

Santos é também acusado de declarações falsas à Comissão Eleitoral Federal, ao afirmar que emprestou 500 mil dólares à sua própria campanha, quando na verdade não fez qualquer empréstimo e tinha menos de oito mil dólares no banco.

O falso empréstimo seria uma tentativa de convencer o Partido Republicano de que era um candidato sério, merecedor do seu apoio financeiro, diz a indiciação.

Santos declarou-se inocente das acusações e prometeu limpar o seu nome.

Segundo a defesa de Nancy Marks, a antiga tesoureira estaria disponível para testemunhar contra Santos, o que pode representar um sério golpe para o congressista. Ainda não é claro se Miele tem a mesma intenção.

Santos e a sua defesa não estiveram disponíveis para fazer comentários.

No início do mês, George Santos sobreviveu a uma votação para ser expulso da Câmara dos Representantes, com a oposição da maioria dos republicanos e de 31 democratas, numa altura em que o processo judicial e o comité de ética da Câmara dos Representantes prosseguem as suas investigações.

Santos ganhou notoriedade por fabricar a maior parte da sua história de vida quando se estava a candidatar a congressista.

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