O Presidente birmanês, Myint Swe, sublinhou a importância do ataque rebelde, numa reunião do conselho de segurança, em que participou o líder da junta militar, general Min Aung Hlaing, entre outros responsáveis ligados ao regime militar, no poder desde o golpe de Estado de 2021,
"Se o Governo não gerir eficazmente os incidentes na região fronteiriça, o país será dividido em várias partes", declarou Myint Swe na reunião de quarta-feira, noticiou o jornal pró-governamental The Global New Light of Myanmar.
Desde o ataque, lançado a 27 de outubro pela Aliança da Irmandade - constituída por três guerrilhas étnicas - no nordeste do estado de Shan, os rebeldes conseguiram tomar o controlo de várias cidades perto da fronteira com a China e das principais estradas e pontes que ligam os dois países aos militares e seus aliados.
Os rebeldes reivindicaram ter matado um número indeterminado de soldados, enquanto a ofensiva e a subsequente resposta militar "causaram vítimas civis e deslocaram mais de 30.000 pessoas", indicou o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stephane Dujarric.
"Estes acontecimentos podem prejudicar as relações entre Myanmar e a China", declarou Min Aung Hlaing durante a reunião, acusando os rebeldes de estarem envolvidos em várias atividades ilícitas, como a produção de droga, de acordo com os meios de comunicação social oficiais.
A zona afetada pelos combates da aliança, na região de Kokang, é conhecida por albergar casinos e tráfico de pessoas, obrigadas a participar em esquemas informáticos, o que levou a China a apelar à junta birmanesa para a sua repressão.
Na sequência da ofensiva rebelde, o gigante asiático - um dos principais aliados da junta militar birmanesa - instou Myanmar a cooperar com Pequim para "manter a estabilidade" na fronteira comum durante uma visita à capital, no início deste mês, de um responsável do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
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