Um tribunal em Molodechno, cidade no centro da Bielorrússia, também determinou que Aliaksandr Mantsevich, editor-chefe do popular jornal Regionalnaya Gazeta, pague uma multa de 94 mil rublos bielorrussos (cerca de 30 mil euros).
As autoridades acusaram Mantsevich e o seu jornal de utilizarem conteúdos que tinham sido declarados extremistas, um rótulo pouco aplicado nos últimos anos a quaisquer publicações críticas do Governo bielorrusso, noticiou a agência Associated Press (AP).
A Bielorrússia foi abalada por protestos em massa após uma disputada eleição presidencial, em que o Presidente Alexander Lukashenko foi declarado vencedor, para um sexto mandato.
Os protestos duraram meses, na maior e mais prolongada demonstração de dissidência desde que Lukashenko chegou ao poder em 1994 e começou a reprimir os meios de comunicação independentes e a oposição.
Lukashenko adotou medidas duras contra os manifestantes, com a polícia a deter cerca de 35 mil pessoas e a reprimir com violência milhares.
A repressão também teve como alvo jornalistas independentes, grupos de direitos humanos e ativistas, com vários meios de comunicação independentes a serem bloqueados e alguns considerados ilegais como extremistas.
O jornal Regionalnaya Gazeta é publicado em Molodechno desde 1995 e continua a ser uma fonte independente e popular de notícias nas região central e ocidental da Bielorrússia.
Após os protestos de 2020, a sua redação foi alvo de diversas rusgas, durante as quais as autoridades confiscaram alguns dos seus equipamentos.
A edição impressa do jornal deixou de existir em julho de 2021 e em janeiro de 2022 o seu 'site' foi declarado extremista e bloqueado.
Mantsevich, de 65 anos, foi detido em março de 2023 e passou oito meses em prisão preventiva, onde a sua saúde se deteriorou significativamente, informou o grupo de direitos humanos Viasna.
O editor-chefe da publicação manteve a sua inocência e, numa declaração final no tribunal, frisou que estava "orgulhoso do jornal".
"Não sou um sonhador, mas tenho certeza que em algum momento da cidade [de Molodechno] aparecerá uma rua com o nome do nosso jornal, que fortaleceu a autoridade do povo bielorrusso, viveu as preocupações dos nossos leitores e escreveu a verdade", sublinhou.
De acordo com a associação bielorrussa de jornalistas, um total de 33 jornalistas estão atualmente presos naquele país.
A líder da oposição da Bielorrússia no exílio, Sviatlana Tsikhanouskaya, classificou a sentença de Mantsevich como absurda.
"O editor da Regionalnaya Gazeta foi punido apenas por cumprir o seu dever jornalístico", frisou, condenando um "julgamento falso" e exigindo "a sua libertação".
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